Petrobrás cancela palestra de economista que criticou Bolsonaro

A economista americana Deirdre McCloskey, defensora do liberalismo como único modelo econômico capaz de eliminar a pobreza, estava programada para falar à diretoria e funcionários da Petrobrás na manhã desta segunda-feira, mas teve a palestra cancelada. No último domingo, um dia antes da agenda que cumpriria na empresa, o Estadão publicou entrevista com a economista, na qual afirma que “os governos de Trump e Bolsonaro são qualquer coisa menos liberais”.

Um ministro da Economia não faz tudo funcionar, é preciso ter outras políticas por trás. (…) Bolsonaro pode ser capturado pelos interesses, especialmente dos mais ricos“, acrescentou ela ao Estadão.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, integram o grupo dos ‘chicago oldies’, uma turma de executivos e especialistas nas áreas de economia e finanças que estudaram na escola liberal de Chicago, nos Estados Unidos, e, no governo Bolsonaro, lideram uma agenda de retração do Estado e de defesa dos interesses de mercado.

Mas para Closkey, professora da Universidade de Illinois em Chicago e transgênera, o título de ‘liberal’ ultrapassa a esfera econômica. Em sua opinião, na América Latina, principalmente no Brasil, liberalismo é sinônimo de “reacionário e violento”. Ela ainda diz que no governo Bolsonaro há um “fascismo contra gays”.

A Petrobrás, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que a palestra foi cancelada por conta da agenda da diretoria, que esteve envolvida nesta segunda-feira com a oferta pública de distribuição secundária de ações ordinárias da empresa detidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A diretoria e Castello Branco assistiriam a economista americana presencialmente e os funcionários, por um canal interno de televisão. A conversa faz parte do programa ‘Diálogos do Conhecimento’, um ciclo de palestras voltado à “alta administração”, segundo assessoria. Cinco palestras estão agendadas para acontecer até maio. Com exceção dos oradores do setor público, os demais são remunerados, o que já custou R$ 100 mil à estatal.

Até agora, já falaram aos executivos da Petrobrás dez palestrantes: Nivio Ziviani, Professor de Ciência da Computação da UFMG; Ieda Gomes, Oxford Energy Studies; Salim Mattar, Ministério da Economia; Claudio Domênico, Sociedade Brasileira de Cardiologia; Fernando Veloso, Fundação Getúlio Vargas; Evaristo Miranda, Embrapa; Erik Stern, Stern Management; Parag Khanna, especialista em Relações Internacionais; José Júlio Senna, Fundação Getúlio Vargas; e Sérgio Rial, Santander.

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