Político que gastou R$ 145 mil em gráfica fantasma vira motorista de Uber

Vereador em Belo Horizonte por duas décadas, Moamed Rachid (PTB) hoje atua como motorista de aplicativo como “terapia” e para ter uma renda extra. O político está sem cargo político desde 2012, quando não conseguiu se reeleger para a Câmara Municipal da capital mineira.

Em sua última tentativa de conseguir ser eleito, em 2018, ele se envolveu em uma polêmica. Rachid recebeu R$ 250 mil do fundo partidário do PSC para sua campanha a deputado estadual em Minas Gerais. Ele obteve 707 votos e não foi eleito.

Desse valor, ele gastou R$ 145 mil em uma gráfica de Belo Horizonte que não funciona. Segundo o jornal O Estado de Minas, a empresa é fantasma e não tem atuação pelo menos desde 2016.

O MP (Ministério Público) abriu um procedimento administrativo para investigar as despesas, já que no local indicado como sendo o endereço da empresa não havia mais a gráfica, segundo denúncia recebida pela Promotoria.

A assessoria de imprensa do MP informou ao UOL que o caso foi arquivado por falta de elementos para comprovar a suposta irregularidade. As contas de Rachid em 2018 foram aprovadas com ressalvas pela Justiça Eleitoral.

O político nega irregularidades em sua última campanha e diz que só não se elegeu porque ficou “muito tempo na Câmara”. “E acabei não me reciclando.”

Rachid esteve na Câmara de Belo Horizonte entre 1993 e 2012. Entre 2013 e 2014, ele atuou por um período como suplente de vereador na capital mineira. Nesse período, ele passou por PTdoB, PST e PDT.

A reportagem tentou contato com a gráfica, mas o contato telefônico consta como inexistente nas ligações.

“Terapia”

Rachid trabalha como motorista de aplicativo há sete meses. Ele diz dirigir para a Uber e, eventualmente, para o Cabify e o Indriver por cerca de dez horas em dias úteis e 16 horas em finais de semana.

O político diz que usa o trabalho como Uber como “terapia”. Em 2009, seu filho de 23 anos foi assassinado. O episódio deixou Rachid com depressão.

Ele diz que ficar “em casa parado, sem fazer praticamente nada” estava o deixando mal. “Estava ficando angustiado, estressado e até deprimido”, conta. Mas ter uma renda extra também o incentivou a ir para as ruas como motorista. “Ainda mais eu, neto de sírios.”

UOL

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