Congregação mexicana admite que 33 padres abusaram de 175 menores
A congregação mexicana Legionários de Cristo, fundada em 1941, divulgou neste sábado (21) o resultado de uma investigação interna que durou seis meses e chegou à conclusão de que 33 de seus sacerdotes cometeram abusos sexuais contra 175 crianças ou adolescentes. Ela também admitiu que o padre Marcial Maciel, que fundou a congregação, foi responsável pelo abuso de pelo menos 60 menores de idade.
“Com isto, os Legionários de Cristo desejam dar um passo à frente ao confrontar sua história para conhecer e reconhecer o fenômeno do abuso sexual de menores e favorecer a reconciliação com as vítimas”, diz o documento.
“Durante o tempo de estudo, foram contatadas 13 vítimas e entrevistados em detalhe a cerca de 40 membros da congregação.
O comunicado divulgado neste sábado diz ainda que os 33 sacerdotes representam 2,44% dos 1.353 legionários ordenados durante toda a história da congregação.
Consequências para os padres
Do total de padres que tiveram abusos reconhecidos, o informe diz que seis já morreram (inclusive Maciel), oito deixaram o sacerdócio, um deixou a congregação e 18 seguem como membros dos Legionários de Cristo. “Desses 18, 100% estão afastados do trato pastoral com menores, quatro deles têm restrições ao ministério e um plano de segurança, e 14 não exercem o ministério sacerdotal público”, diz o relatório.
A congregação ultraconservadora mexicana ocultou durante décadas as diversas denúncias de abuso contra Marcial Maciel. Durante o pontificado de João Paulo II (1978-2005), eles contaram com a proteção de várias autoridades do Vaticano.
Maciel morreu em janeiro de 2008 nos Estados Unidos, aos 87 anos. Ele era acusado de ter tido uma filha, fruto de uma relação secreta, e de ter abusado de oito antigos seminaristas.
Em 2010, o papa Bento XVI determinou uma limpeza nessa ordem ultraconservadora da Igreja. Em 2014, a congregação apresentou um pedido coletivo de “perdão” pelos “comportamentos graves e objetivamente imorais” cometidos pelo falecido Maciel, e a promessa de “iniciar uma nova etapa”.
Já em 2015, quando a congregação completou 75 anos, ela solicitou uma “indulgência” ao papa Francisco. A medida foi concedida, ainda que de forma condicional, “caso [os Legionários de Cristo] renovem por devoção seus compromissos que os vinculam ao Movimento ou à Legião, e rezem pela fidelidade de sua pátria a sua vocação cristã, pelas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, e pela defesa da família”.