PF: médico que liderou fraude na Sesau tinha gasto pessoal de R$ 100 mil por mês
Antes de deflagrar a Operação Dama da Lâmpada – que desbaratou um esquema na Secretaria de Saúde do governo Renan Filho (MDB) -, a Polícia Federal (PF) informou à Justiça que uma segunda fase da ação será realizada em outro momento.
Apesar de não apontar uma data de quando essa outra ação terá início, a PF adiantou que há “um mar de provas” contra os 16 suspeitos do esquema. Dentre as provas, há planilhas que revelam o gasto pessoal mensal de R$ 100 mil de Gustavo Vasconcelos, médico suspeito de liderar o esquema na Secretaria estadual de Saúde (Sesau). O prejuízo pode chegar a R$ 30 milhões.
Gustavo também é apontado como responsável pelo Iortal, instituto que recebeu boa parte do dinheiro. Conforme a investigação dos órgãos, a fraude na Secretaria de Saúde de Alagoas contou com a participação de servidores do alto escalação do governo que, ao longo dos últimos anos, fecharam os olhos para o esquema que era realizado sem dificuldades na Secretaria.
Os investigadores chegaram a classificar como “grosseiros e eivados de irregularidades” os processos de pagamento que eram efetuados. Alguns dos pagamentos, segundo a polícia, não tinham sequer comprovação dos serviços prestados e, mesmo assim, recebiam sem problemas os recursos da Sesau.
“A informação policial é irretocável na demonstração de crimes diversos como peculato e lavagem de dinheiro, e dispensaria maiores comentários. Entretanto é impossível ignorar a maneira como Gustavo Vasconcelos enriqueceu a organização criminosa ao ponto de ter gastos pessoais mensais superiores a R$ 100 mil. Ou seja, os suspeitos – ele e a cunhada – financiaram empreendimento particular de sua propriedade, com recursos públicos destinados à Saúde. É o cúmulo da certeza de impunidade”, diz um trecho do inquérito da Polícia Federal.
Diante das provas, não há dúvidas, segundo a polícia, de que Gustavo Francisco lidera “a estrutura da organização criminosa até então conhecida, agindo sem qualquer limite ou inibição durante anos, pilhando em proveito próprio e de seus familiares, principalmente, recursos públicos que deveriam ser destinados à precária Saúde pública de Alagoas”.
Para a polícia, o médico demonstrou, inclusive, inexistência de empatia com aqueles que sofrem nos corredores de hospitais e são carentes, em todos os aspectos, de amparo médico ambulatorial e de emergência dos hospitais públicos de Alagoas.
“O que vimos, de uma maneira geral, foi atualização indiscriminada de recursos públicos destinados à Saúde, que foram utilizados para pagar vantagens ilícitas a servidores públicos, com o objetivo de manter o ciclo de desvio de verbas federais. A sociedade brasileira tem evoluído para uma rejeição cada vez maior para os autores deste tipo de conduta e tem encontrado amparo no Poder Judiciário”, destaca o delegado da Polícia Federal, Jorge Eduardo Ferreira, responsável pela investigação policial.
A OPERAÇÃO
A Operação Florence Dama da Lâmpada investiga fraudes, desvios de recursos e corrupção de agentes públicos na prestação de serviços de Órtese, Prótese e Materiais Especiais (OPME) no estado de Alagoas.
De acordo com a PF, as investigações, iniciadas em maio, apontaram que valores destinados a determinada entidade sem fins lucrativos ultrapassam os R$ 30 milhões nos últimos três anos. A polícia diz que Gustavo Vasconcelos montou uma rede criminosa para alimentar o esquema com ajuda de parentes.
Na ação, inclusive, o genro do vice-governador Luciano Barbosa (PMDB), Pedro Silva Margallo, e a filha do gestor, Lívia Barbosa de Almeida Margallores, foram presos por ordem da Justiça. Eles teriam participação no esquema após inserir uma empresa entre o grupo que fornecia serviços e equipamentos para o Iortal.
CONFIRA, ABAIXO, IMAGENS DA OPERAÇÃO DEFLAGRADA!