Ex-pres. paquistanês: condenação à morte é “vingança pessoal”
O ex-presidente paquistanês Pervez Musharraf, exilado em Dubái, chamou de “vingança pessoal” a sua condenação à morte por traição, em julgamento à revelia, e criticou o “uso lamentável da lei como para uma perseguição”.
“Este caso foi montado e realizado como uma vingança de algumas pessoas contra mim”, declarou o ex-general, em referência implícita ao Poder Judiciário.
“O uso lamentável da lei, apontando contra apenas uma pessoa e escolhendo os incidentes convenientes, demonstra o que estas pessoas desejam”, completou Musharraf, em referência ao presidente do Tribunal Supremo que, durante o julgamento, admitiu ter “acelerado” o processo.
O ex-chefe de Estado, cujo advogado afirmou na terça-feira que estava em Dubai com problemas de saúde, aparece no vídeo em uma cama de hospital, com aspecto frágil e dificuldade para falar.
“Pervez Musharraf sofre de amiloidose cardíaca”, uma doença que provoca disfunções do coração, afirmou Mehrene Malik Adam, secretária-geral da Liga Muçulmana para o Paquistão (APML), partido fundado pelo ex-presidente.
“Está hospitalizado há 10 dias e está sendo tratado com quimioterapia no hospital americano de Dubai”, completou.
Um tribunal especial condenou na terça-feira o ex-general à pena de morte, à revelia, por “alta traição” por ter instaurado o estado de exceção no país em novembro de 2007.
Para suspender a Constituição, Musharraf invocou na época a defesa da unidade nacional contra o terrorismo islamita e a oposição do Tribunal Supremo, que deveria se pronunciar sobre a legalidade de sua reeleção um mês antes.
A medida, muito impopular, terminou por provocar a queda de Musharraf em 2008.
A condenação foi muito criticada pelos militares. Os principais partidos da oposição a receberam como uma decisão histórica em um país governado durante quase metad de seus 72 anos de história pelo exército.