Rachaduras e afundamento: ‘Não há área para levar todas as pessoas, não tem estrutura’, diz prefeito de Maceió

Desde fevereiro do ano passado, Maceió convive com o agravamento das rachaduras e o afundamento que atingem, atualmente, quatro bairros e afetam mais de 40 mil pessoas. A capital alagoana terá o desafio de evacuar uma região equivalente a 78 campos de futebol em uma área de risco que engloba hospitais, escolas, uma subestação de energia elétrica que abastece um terço da cidade e o trecho de uma linha de trem urbano, segundo relatório de agências do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Em entrevista ao Estado, o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), falou sobre as ações diante do desastre em andamento na cidade, a necessidade de remoção dos moradores e o impacto psicológico na população.

“É algo muito sério e não se vê uma solução em curto prazo no horizonte, há a incerteza de saber se vai ser possível ou não voltar a morar no local. Isso afeta totalmente a população, é a questão mais grave.”

Palmeira afirma que o município vai pedir indenização à empresa Braskem, tendo em vista que a exploração de sal-gema – matéria-prima na produção de soda cáustica e PVC – feita petroquímica foi apontada como a principal responsável pelo problema, de acordo com estudo do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgado em maio.

O prefeito diz que, em lançamento de tributos, o prejuízo estimado é de R$ 20 milhões por ano. “Eu acho que não é razoável a empresa tirar (a população de) só 400 (imóveis) enquanto a gente enfrenta problemas burocráticos. É muito difícil.”

O prefeito criticou ainda a falta de fiscalização da atividade da empresa pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Procurada por e-mail, a agência não se manifestou.

Em nota, a Braskem afirmou que “já deu início às ações do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação dos moradores e está em diálogo com os representantes dos demais equipamentos públicos e privados que estão dentro da área de resguardo em torno dos 15 poços de extração de sal identificados”.

A empresa não comentou sobre possível pagamento de indenização ao município, mas afirmou que assinou um termo de cooperação para adotar medidas de apoio à comunidade, capacitação e doação de equipamentos para a Defesa Civil, além de realização de obras de drenagem e pavimentação de ruas. “Um segundo termo de cooperação está em andamento e deve ser assinado em breve.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *