Motorista de Renan Filho é acusado de receber R$ 3,8 mi de propina
O jornal Estadão revelou, nesta terça-feira (3), o depoimento do amigo do delator Ricardo Saud, Durval Rodrigues da Costa, que implicou o assessor especial do governador Renan Filho, Ricardo Rocha, como o responsável por supostamente receber propinas pagas pelo grupo J&F para a campanha ao governo do estado em 2014.
Em depoimento prestado em maio à Polícia Federal, Costa afirmou que os valores eram recebidos por um homem chamado “Ricardo”.
O assessor de Renan Filho foi reconhecido por foto e, também, após investigação de agentes federais. Estadão é um dos maiores veículo de comunicação do Brasil.
Segundo a PF, Ricardo, que atuou como motorista de Renan em 2014, teria recebido a propina em Maceió e, também, na cidade do Recife. Ricardo José Gomes da Rocha recebe salário de R$ 5.676,80 como assessor especial do governador, conforme Portal da Transparência. As informações sobre o esquema foram obtidas pela polícia em depoimento de Durval Rodrigues, tomado em Brasília (DF), em 21 de maio.
O depoente, que foi assessor do governo de Minas e do ex-deputado federal Aracely de Paula (PR-MG), afirma ser amigo, há duas décadas, do delator Ricardo Saud, executivo do grupo J&F. O executivo foi o responsável por revelar os beneficiários do fundo de R$ 40 milhões que alimentou com propina de diversas campanhas, inclusive de Renan Filho, segundo a investigação da Polícia Federal.
No depoimento, Costa narra um encontro no Recife (PE), sob orientação de Saud, com o publicitário condenado pela Lava Jato André Gustavo Vieira – que admitiu ter operado propinas para o ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Os depoimentos sobre repasse de propinas destinadas à campanha de Renan Filho foram tomados no âmbito do inquérito 4707, que apura pagamento de R$ 40 milhões feitas pelo grupo Grupo J&F a senadores do MDB durante as eleições de 2014 a pedido de Mantega.
A contrapartida seria garantir a “unidade do PMDB em prol da candidatura da ex-presidente Dilma Rousseff”. Segundo o delator Ricardo Saud, da J&F, os pagamentos foram feitos por meio de “simulação da prestação de serviços e emissão de notas fiscais fraudulentas, entregas em espécie e doações oficiais”.
NOTAS FRAUDULENTAS
A investigação realizada pela polícia concluiu que a campanha do governador utilizou cerca de R$ 3 milhões em recursos ilegais que saíram do fundo de R$ 40 milhões. Na ação penal que transcorre no Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado Bernardo Guidali informou ao relator da Lava Jato, ministro Edson Fachin, que o dinheiro chegou até o comitê de Renan Filho “por meio de notas fraudulentas” da empresa GPS Comunicação, que é de propriedade do marqueteiro pessoal do governador, Carlos Adriano Gehres, e de doações para o diretório do MDB no estado.
Após o delegado apresentar o vasto conjunto de elementos que mostram a ligação da empresa do marqueteiro de Renan com os repasses do “planilhão”, o ministro Edson Fachin determinou a intimação do governador e de assessores, além de executar a busca e apreensão em dois endereços ligados ao homem responsável pelas campanhas publicitárias desde 2014. Os mandados foram cumpridos no endereço da empresa dele e de uma residência em Florianópolis.
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