A história de Gabriel, viciado aos 9 anos e assassinado aos 11

Carlos Gabriel Pinheiro deixou de viver a infância ainda aos 9 anos. Em 2017, o garoto morou pela primeira vez em um abrigo, em Águas Lindas (GO), Entorno do Distrito Federal. A necessidade que levou a criança a se separar da família veio do desemprego da mãe (foto em destaque), que passou a morar na rua após não encontrar nova fonte de renda. No abrigo em que residiu por quatro meses, o menino começou a mudar de comportamento e abandonar as brincadeiras infantis.

Era o início de uma história que culminou na morte de Gabriel aos 11 anos, no dia 5 de novembro.

O garoto, que gostava de jogar futebol e empinar pipa, parou de brincar e começou a usar drogas ainda antes de completar uma década de vida. A história incomum dele teve o acompanhamento de conselhos tutelares e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Sem soluções para lidar com o vício, a família viu os efeitos dos acontecimentos daquela época se desencadearem em um trágico fim.

Mesmo com medidas de proteção de acolhimento institucional e internação para tratamento de saúde mental propostas pela Justiça, o menino de 11 anos foi encontrado morto em Águas Lindas. Populares acharam o pequeno corpo com sinais de espancamento, às margens de um córrego, no bairro Setor 07. O crime é investigado pela Polícia Civil de Goiás (PCGO).

A mudança no comportamento da criança teve início há dois anos. “Eu trabalhava fazendo faxina, mas perdi o emprego e fiquei morando na rua. Então, pedi para acolherem ele e mais dois filhos meus, porque eu não tinha como deixá-los sem casa”, conta a mãe do menino, Elisângela Pinheiro, 39 anos.

Para a dona de casa, a transformação de Gabriel foi gerada por um acontecimento que o traumatizara. “Abusaram do meu filho naquele abrigo. Não me falaram nada, só descobri depois que ele faleceu. Fiquei sabendo porque um policial que está acompanhando o caso da morte dele me falou”, diz a mãe, em lágrimas.

“Ele estava estranho. Uma vez, eu perguntei se ele sofreu algum abuso, mas ele falava: ‘Não, mãe. Ninguém fez nada comigo, não’. Eu acho que era vergonha de falar”, completa.

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