Morre no Rio Maurício Sherman, um dos pioneiros da TV no Brasil
Morreu, na manhã desta quinta-feira (17), aos 88 anos, Maurício Sherman, um dos pioneiros da TV no Brasil – como ator, produtor e diretor.
Segundo a família, Sherman morreu em casa, na Zona Sul do Rio, de manhã.
Sherman contribuiu para diversas emissoras de TV do país. Em várias passagens pela Globo, ajudou a criar o “Fantástico” e dirigiu programas de humor, como “Faça Humor, Não Faça Guerra”, “Os Trapalhões” e os de Chico Anysio. Também diretor-executivo da Central Globo de Produção.
Trajetória começou no teatro
Sherman nasceu no dia 21 de janeiro de 1931, em Niterói, Região Metropolitana do RJ, filho de um casal de judeus poloneses. Formou-se em direito na Universidade Federal Fluminense, no fim dos anos 1940.
Aos 13 anos, já participava de peças amadoras apresentadas em um Clube da Colônia Judaica, em Niterói. Em uma dessas ocasiões, foi convidado pelo radialista Hélio Tys para trabalhar como ator na Rádio Mauá, onde estreou em uma representação de “O Corcunda de Notre Dame”.
A partir daí, participou do grupo Jerusa Camões, no Teatro da Juventude Universitária, atuando em diversos espetáculos ao lado de atores como Gisela Camões, Wanda Lacerda, Nathália Timberg, Fernando Pamplona e Alberto Perez.
Em 1949, foi convidado a trabalhar na Rádio Guanabara pelo ator Paulo Renato, diretor da emissora. Trabalhou ao lado de Chico Anysio, Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Jayme Barcellos, Fernando Torres e Elizeth Cardoso.
Em 1951, substituiu Paulo Renato na peça “Massacre”, de Emmanoel Roblès, do repertório da Companhia de Graça Mello. A peça obteve grande sucesso, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, garantindo-lhe o prêmio de ator revelação.
A chegada à TV
Também em 1951, iniciou sua trajetória na televisão, quando participou de uma representação da Paixão de Cristo na TV Tupi.
Maurício Sherman se transferiu para a TV Paulista, canal 5 de São Paulo, em 1952. Na emissora, representou clássicos do teatro e da literatura, como “Rei Lear” e “Hamlet”, de William Shakespeare, e “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa.
Em 1954, passou a trabalhar na TV Tupi do Rio de Janeiro, onde permaneceu por dez anos. Durante este período, atuou no “Sítio do Picapau Amarelo”, nas “Fábulas Animadas” com Júlio Gouvêa e dirigiu um teleteatro com Heloísa Helena.
Depois de uma breve experiência na TV Excelsior, Maurício Sherman foi convidado por Mauro Salles para trabalhar na Globo, em agosto de 1965.
A estreia foi a direção do “Espetáculo Tonelux”, programa apresentado por Marília Pêra, Gracindo Jr., Riva Blanche e Paulo Araújo. O musical era gravado ao vivo no auditório da Globo, com a presença de cantores da Jovem Guarda e uma orquestra sinfônica regida por Isaac Karabtchevsky.
Em 1966, dirigiu os programas humorísticos “Riso Sinal Aberto” e “Bairro Feliz”. Nesse período, contribuiu para a entrada na Globo dos redatores de humor Max Nunes e Haroldo Barbosa.
Maurício Sherman deixou a Globo em 1968, quando o programa que então dirigia, “Noite de Gala”, passou a ser exibido na TV Excelsior. Neste mesmo ano, foi convidado a comandar uma equipe de criação na TV Tupi, composta por Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes.
Permaneceu na Tupi até 1972, quando retornou à Globo para dirigir o humorístico “Faça Humor, Não Faça Guerra”, com Jô Soares, Renato Corte Real, Luis Carlos Miéle, Paulo Silvino e Sandra Bréa.
‘Fantástico’
O diretor participou da equipe de criação do “Fantástico”, em 1973, e foi um dos diretores do programa por três anos. Dirigiu também o “Moacyr Franco Show” até 1977, quando saiu novamente da emissora para assumir a direção artística da linha de shows da TV Tupi de São Paulo. Retornou à Globo em 1981 e dirigiu “Chico Anysio Show” e “Os Trapalhões” por dois anos.
Em 1983, após uma breve passagem pela TV Bandeirantes, Maurício Sherman aceitou o convite de Adolfo Bloch para dirigir a programação da recém-inaugurada TV Manchete. Foi o responsável pela criação do programa “Bar Academia”, da minissérie “Marquesa de Santos” e dos programas infantis apresentados por Xuxa e Angélica, apresentadoras descobertas e lançadas por ele.
Maurício Sherman voltou à Globo em 1988, como diretor executivo da Central Globo de Produção. Nos 12 anos seguintes, desempenhou várias funções: foi diretor de núcleo do horário das 18 horas; diretor do musical Globo de Ouro; diretor artístico do Fantástico; diretor do departamento de Projetos Especiais; e diretor da área de controle de qualidade.
De 1989 a 1991, esteve à frente de Os Trapalhões, programa apresentado por Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias. No dia 28 de julho de 1991, dirigiu o especial comemorativo de 25 anos dos comediantes, com 25 horas de duração e a participação de todo o elenco da Globo.
Em 1991 e 1992, Maurício Sherman dirigiu as vinhetas com a mensagem de final de ano da Globo. Foi premiado pelas vinhetas da mensagem “Tente e invente, faça um 92 diferente”, em que atores, jornalistas, comediantes e apresentadores apareciam mostrando talentos até então desconhecidos do público.
Em 1994, quando atuou como supervisor do Video Show, Maurício Sherman foi responsável pela transformação da atração em um programa diário. Desde 1999, dirige o humorístico Zorra Total. Em 2001, foi diretor do Domingão do Faustão.
Em 2009, Maurício Sherman dirigiu o especial de fim de ano Chico e Amigos. No navio Ventos Anysios, Chico Anysio interpretou personagens que marcaram sua carreira e homenageou a Escolinha do Professor Raimundo, que completava 57 anos. Outra edição do especial Chico e Amigos foi exibida em janeiro de 2011.
No teatro, Maurício Sherman dirigiu vários espetáculos importantes, com destaque para A Pequena Notável (1972), estrelado por Marília Pêra, no papel de Carmen Miranda; e Evita (1983), estrelado pela cantora Cláudia e os atores Mauro Mendonça e Carlos Augusto Strazzer.
Fonte: G1