Menino de 3 anos tem parte do pênis amputada durante cirurgia

A Polícia Civil de Minas Gerais abriu um inquérito para investigar se houve erro médico durante uma cirurgia de fimose feita em um menino de três anos, na cidade de Malacacheta, a 433 km de Belo Horizonte. Parte do pênis do garoto foi amputada durante o procedimento, que é indicado para retirar o excesso de pele do órgão.

A operação foi conduzida pelo médico Pedro Guedes Abrantes, no dia 16 de setembro, no Hospital Municipal Dr. Carlos Marx. Dois dias após o procedimento, o especialista morreu na casa dele. Segundo a prefeitura, o homem foi vítima de um infarto agudo do miocárdio.

O pai da criança, Albert Rocha Amaral Camargos, de 24 anos, contou à reportagem que percebeu que algo de errado havia acontecido cerca de quatro horas após a cirurgia.

— Quando nós abrimos o curativo, tinha uma gaze enrolada simulando um pênis no local.

O bancário relata que, abalado, acionou os funcionários do hospital. Como Abrantes já havia ido embora, o médico plantonista foi chamado, mas teria dito que não poderia avaliar o caso, por não ter feito parte do grupo cirúrgico. Após conseguir falar com o médico responsável, o especialista teria dito que estava tudo bem e que o órgão do garoto voltaria aparecer após alguns dias.

De acordo com Carmagos, o filho continuou com dores e Abrantes foi novamente questionado. Desta vez, o médico teria se exaltado e afirmado que o pai sabia dos riscos do procedimento e que ele teria assinado o termo de consentimento.

Revoltado com a situação, o bancário pediu a transferência do filho para outra unidade de saúde. O garoto foi levado a dois consultórios particulares na cidade vizinha, Teófilo Otoni e, em seguida, encaminhado para o Hospital Santa Rosália.

— Eu cheguei a falar com o prefeito e com o secretário de Saúde. Eu disse que só queria saber se houve algo errado para eu levar meu filho para onde fosse necessário.

R7 teve acesso ao relatório do Hospital Santa Rosália sobre o estado em que a criança chegou ao local. O documento indica que a impressão diagnosticada foi de que houve “amputação parcial inadvertida do pênis”.

Na unidade de saúde, os médicos constataram que foi “verificada amputação parcial do pênis” e “laceração da pele do prepúcio com corpos cavernosos abertos e sangrantes, uretra pervea, hematoma moderado da bolsa escrotal e base do pênis”.

Nos hospital, o menino de de três anos passou por uma cirurgia plástica para reconstituir parte do órgão. De acordo com Camargos, a medida foi necessária para que o menina consiga urinar sem o apoio de sondas. A criança já recebeu alta médica e se recupera bem em casa.

Investigação

De acordo com a delegada Mariana Grassi Ceolin, que investiga o caso, familiares da criança já prestaram depoimento e novas testemunhas serão convocadas nos próximos dias. Os peritos também solicitaram à prefeitura o prontuário médico do menino e os nomes dos integrantes da equipe que fez a cirurgia, mas aguarda retorno.

De acordo com a policial, o garoto de três anos deve passar por uma nova avaliação médica, indicada pela perícia. Caso seja comprovada alguma irregularidade e o responsável tenha sido o médico que conduziu o procedimento, o processo pode ser arquivado.

— Se ficar comprovado que houve erro e o médico tenha sido o único responsável, vou pedir o arquivamento pelo fato de ele já estar morto.

Segundo a delegada, por enquanto, está descartada a hipótese que o especialista tenha se matado.

Outro lado

Procurada, a Prefeitura de Malacacheta informou que abriu um procedimento administrativo para apurar se houve alguma irregularidade na condução da cirurgia. O Executivo Municipal classificou o ocorrido como uma “fatalidade” e declarou que aguarda a perícia policial para constatar se houve, de fato, a amputação do membro.

A assessoria do município destacou que o médico responsável pela cirurgia tinha quase 30 anos de carreira e não havia registros de problemas com sua conduta profissional junto ao serviço público.

A prefeitura também informou que ressarciu a família de todos os gastos que tiveram com as consultas e com a nova internação.

 

 

 

R7

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