Sai de cena “Lula, Livre!”. Entra “Lula, Preso!”
E se a juíza Carolina Lebbos, substituta de Sérgio Moro na 12ª Vara Federal da Polícia Federal, em Curitiba, mandar Lula para o regime semiaberto de prisão a que ele já tem direito por ter cumprido um sexto da pena a que foi condenado no caso do tríplex do Guarujá?
A defesa de Lula entrará imediatamente com algum tipo de recurso pedindo para que ele continue preso em regime fechado como está há 542 dias? No semiaberto, Lula poderá trabalhar durante o dia e voltar à noite para dormir na prisão. Ou dormir em casa.
Será algo inédito por estas bandas se a defesa preferir Lula preso a Lula mais ou menos livre. No interior remoto do país, há registro de presos que clamaram para não ser soltos porque a cadeia lhes garantia abrigo, comida e uma mínima sensação de segurança.
Todos foram despejados. A progressão de pena não é um favor do Estado, mas um direito do preso estipulado em lei. Se ele se comportou bem na prisão – e Lula foi um preso bem comportado -, tem mais é que sair depois de cumprido um sexto da pena.
E por que ele não quer sair? Verdade que Lula já disse que foi preso porque quis, e que só sairá da cadeia para que no seu lugar possam entrar o ex-juiz Moro e o chefe da Força Tarefa da Lava Jato no Paraná, o procurador Deltan Dallagnol, seus algozes.
Blábláblá de Lula. Com a resistência a sair, ele quer marcar posição. Joga para seus devotos. Para mais tarde dizer que foi obrigado a sair contra sua vontade. Porque se dependesse dele, Lula, só sairia depois que a Justiça reconhecesse sua inocência.
Lula também pressiona para que o Supremo Tribunal Federal, em prazo relativamente curto, julgue o recurso impetrado por sua defesa que arguiu a suspeição de Moro com base nas revelações de mensagens trocadas por ele com procuradores da Lava Jato.
O PT ficou rouco de tanto gritar “Lula, Livre” desde que seu guia foi recolhido aos costumes da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Uma vez que ele acabe enxotado dali, será imperdível ver o PT gritar meio sem graça “Lula, Preso” ou algo parecido.
VEJA/Ricardo Noblat