As vozes do morro no Rock in Rio

Manifestações contraditórias ocorreram até num mesmo show – uma das atrações da noite, a rapper e atriz Gabz frisou a emoção de protagonizar um dos shows; bailarinos que se apresentaram ao seu lado, frisaram, ao microfone, que favela não era apenas aquele cenário e que o espaço não os representava.

Na platéia, a autônoma Luana Amorim, elogiou o espaço: “Todo o Rio precisa ser representado”, disse. A estudante  Beatriz Dantas, de 19 anos, foi mais crítica. “É cenográfica demais. Além disso, moradores de favelas não têm como comprar ingresso para o Rock in Rio”, frisou (a meia entrada custa 262,50 reais).

A polêmica em torno do palco provocou até mudanças numa das atrações. Por conta de críticas em redes sociais, o grupo Nós do Morro cortou, do início de sua performance, sons de helicópteros que remetiam a operações policiais em favelas. Apresentados na terça-feira, durante um evento teste, os efeitos sonoros foram condenados por muita gente e ficaram de fora do show desta sexta-feira.

Único palco sem cobertura do Rock in Rio, o Espaço Favela virou palanque de protestos. A vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, e o DJ Rennan da Penah – que está preso, acusado de associação ao tráfico – foram citados. As mortes de crianças em favelas foram lembradas por MC Carol  e Gabz – esta chegou a dizer que, na segunda-feira, esperava receber a notícia da renúncia do governador do estado, Wilson Witzel (PSC).

Durante sua apresentação, bailarinos exibiram cartazes que formavam a frase “Parem de nos matar”. No palco também foi mostrada uma bandeira brasileira estilizada, em preto e branco, que tinha a frase “Nós nos amamos”. Gabz encerrou seu show com um de seus sucessos, um funk que resumia a tentativa de apropriação da favela cenográfica: “O baile é nosso, neguim, é tudo nosso”.

 

 

VEJA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *