Gilmar sobre Janot: ‘Recomendo que procure ajuda psiquiátrica’
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, reagiu na manhã desta sexta-feira 27, com “alguma surpresa” à revelação de Rodrigo Janot a VEJA de que o ex-procurador-geral da República foi armado à corte para matá-lo e que, em seguida, pretendia cometer suicídio. O ministro recomendou que o ex-chefe da PGR procure ajuda psiquiátrica.
Em nota, ministro lamentou “o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.”
O ministro ainda afirma que “o combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal”.
Gilmar Mendes confessa estar “algo surpreso” com a revelação. “Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.”
“Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País”, afirma Gilmar, que completa: “Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.”
Em entrevista a VEJA, Rodrigo Janot revelou que foi armado ao Supremo no dia 11 de maio de 2017, no mês em qua a Operação Lava Jato estava atingindo seu ponto mais alto. O procurador vai lançar na próxima semana o livro Nada Menos que Tudo, escrito pelos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, em que narra episódios desconhecidos ao longo dos quatro anos em que esteve à frente das investigações do maior escândalo político do país.
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