A importância da família no tratamento terapêutico da criança

“O bom funcionamento do todo, é feito por todos”

Sérgia Mônica Nascimento- Psicóloga

Resultado de imagem para criança brincando

A importância e necessidade de discutir posicionamentos mais efetivos de familiares de crianças com necessidades especiais no processo do atendimento psicológico e psicopedagógico, pode contribuir para uma reflexão sobre questões sobre a atuação dos pais/cuidadores juntos ao terapeuta e a escola, de maneira que a responsabilidade deva ser de todos. Considerando o panorama destas interações entende-se que a união das forças podem apresentar atributos relevantes capazes de colocar os processos a desenvolver-se eficientemente, por isso, nada pode se construir sozinho, mas, buscar iniciativas para realizar atividades, ter curiosidade, interesse em ajudar ou aprender, podem ser consideradas características desenvolvimentalmente geradoras de práticas positivas, que reforçada e estabelecidas metas com foco diário ajudarão, e muito, para um resultado mais efetivo. A orientação dos pais é importante, não somente para a conscientização dos sintomas ou “problema” da criança, mas também sobre como estimular no dia a dia, potencializar (quais) as competências da criança além de inserir novas, sem essa parceria é impossível um resultado diferencial com probabilidade de manutenção dos ganhos adquiridos nos processos de intervenção terapêutica.

Nessa perspectiva, a questão pontual é, a (RE) HABILITAÇÃO, onde os vários ambientes devam estar em sintonia no desenvolvimento de concepções, estrutura relacionais capazes de agenciarem o funcionamento proposto entre sujeito e o que se espera do tratamento. Desta forma, os interesses devem ser compartilhados, sobretudo, a responsabilidade em planejamento conjunto.

          Diante das implicações para a intervenção psicopedagógica, minha proposta é sempre pautada em um trabalho integrado com a família e com a escola/professor, seja no sentido de promover a aprendizagem ou mesmo tratar de distúrbios nesse processo que remedeie as dificuldades, no intuito de extrair e produzir enredos para um trabalho vinculado e especifico na dificuldade apresentada, numa e para uma compreensão mais ampliada do que pode ser feito na terapia, mas, sempre observando a maneira que cada um tem de aprender, então dentro desta unicidade pode encontrar ou desenvolver estratégias de aprendizagem, como por exemplo, o treinamento de autoinstrução que favorece a autorregularão, a repetição, primeiro ouvida depois repetida duas vezes em voz alta e repetida em articulação subvocal, estas evocações favorecem o armazenamento da memória de longo prazo, atividades que se estende entre terapeuta e atividades de casa, estas estratégias devem ser favorecidas constantemente, configuradas e adaptadas de modo a se ajustarem às necessidades; um ponto interessante a destacar também, que tenho utilizado, é o uso da tecnologia assistiva, com seu imenso arsenal de recursos e serviços, uma vez que somadas ao poder de flexibilização, adaptação e possibilidade de que nos permite, tem auxiliado na melhoria dos aspectos comunicativos e motivacionais, em vários aspectos.

Neste processo, não podemos esquecer que a aprendizagem é um processo que resulta de uma interação do sujeito com seu meio, é conveniente conhecer/saber o ambiente em que a criança é inserida, de maneira que não é viável ignorar as interações existentes entre a capacidade da criança para mostrar uma atenção sustentada e as variáveis externas, como também observar os estímulos que estão tirando a atenção do foco no momento de executar uma tarefa, exemplo, ruídos, quantidade excessiva de enfeites, desenhos, a distribuição do espaço e mesas na sala, dentre outros, tudo isso associado as dificuldades que a pessoa tem em executar alguma tarefa afetam diretamente ao resultado esperado. Contudo, a intervenção psicopedagógica deve ser pautada também, nos “fatores de risco, programa de estimulação precoce (0 a 6 anos), mas, principalmente, em programas específicos de intervenção dirigidos a desenvolver processos e habilidades psicológicas básicas (fonológicos, atenção sustentada, memória, percepção e discriminação visual), programa de instrução direta […] desenvolver o conhecimento e uso de estratégias de aprendizagem, melhorar motivação de êxito autoconhecimento, percepção de auto eficácia, sistema atributivo, expectativas” (COLL et. Tal, 2004).

Cabe observar, portanto, diante desta demanda especifica, seria contudo ingenuamente pensar que o profissional sustentaria um resultado instantâneo numa sala de atendimento com meramente 30 minutos para “resolver um problema” ele daria conta! – Não, ele não dá conta! Assim, é necessário que as parecerias sejam comprometidas com as atividades estabelecidas de acordo com o processo terapêutico.

Aliás, é importante ressaltar que os entraves dos plano de saúde é mais um ponto que deve ser advertido. Os planos de saúde, acaba por atrasando e/ou dificultando o desenvolvimento das terapias, embora a Lei determina que disponibilizem número ilimitado de sessões de psicoterapia para seus clientes (se mantem 18 atendimentos por ano para tratamento de síndromes e transtornos psicológicos), os planos ainda usa da exigência de encaminhamento médico, sendo um relatório com indicação e justificativa para realização da terapia, e sessões limitadas, a demora para autorização/liberação para atendimento que é muito grande e absurda, e ainda, nem todos os planos de saúde tem as terapias disponíveis que as pessoas necessitam, isto é, os riscos para a saúde, de maneira que se não houver à reabilitação, são graves e irremediáveis, uma vez que os atrasos psicológicos interfere na dificuldade de aprendizagem, coordenação motora, desenvolvimento da atenção, perceptivo visual, esquema corporal e lateralização, na produção ativa e espontânea de estratégias de aprendizagem e de solução de problema, dentre outros. Entretanto, ainda mais carece de pais/cuidadores comprometidos com o tratamento – cuidado – acompanhamento com sua criança, do contrário, é impossível!

É importante pensar que as barreiras existem e sempre existirão, mas buscar conhecimento, recursos e disposição para estar juntos é imprescindível no suporte e desenvolvimento do que mais importa, que é a pessoa que precisa desse cuidado. É necessário sair do “programado” para que flua e se efetive todo processo terapêutico. A demais, as intervenções para déficit e transtornos devem ser realizadas com especialistas com o apoio dos pais/cuidadores, escolas e professores.

A relação educativa constitui-se, como tal, na medida em que se desenvolve mediações (ações, linguagens, dispositivos, representações) que potencializem a capacidade de iniciativa e de interação das pessoas (VIGOTSKY, 1997)

 

 

 

Sérgia Mônica Nascimento

Psicóloga – Psicopedagoga

Especializando em saúde mental e Neuropsicologia

 

 

REFERENCIAS

COLL, Cesar. MARCHESI Álvaro, PALACIOS, Jesus. Desenvolvimento psicológico e educação – transtorno de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Trad. Fatima Murad. – 2 ed. – Porto Alegre: Artmed, 2004.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *