Clínica que fez depilação em modelo já foi denunciada pela Sociedade de Dermatologia

A clínica na qual a modelo Laura Cavalcante realizou um procedimento de fotodepilação, em Maceió, e saiu com queimaduras de primeiro e segundo grau nas pernas, já foi denunciada ao Ministério Público Estadual pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), regional Alagoas.

Com base em um parecer do Conselho Federal de Medicina, a SBD procurou a Promotoria de Defesa do Consumidor e denunciou que a clínica não possui um médico responsável, mas realiza atos que seriam exclusivos médicos.

A informação foi confirmada ao TNH1 pela advogada da SBD em Alagoas, Lavínia Cavalcanti. Segundo ela, a empresa possui uma fisioterapeuta dermatofuncional como responsável, mas realiza procedimentos como jato de plasma e microagulhamento, que devem ser feitos por um dermatologista.

“Só como exemplo, quando um paciente apresenta sinais ou manchas na pele, existe um procedimento que é pintar da cor da pele, para aquela mancha desaparecer. Mas essas manchas ou pintas podem ser até um melasma, que é um câncer de pele. Eles não têm como diagnosticar doenças. E aí, você vai pintar um câncer?”, questiona.

Modelo vai ficar com cicatrizes

No caso da modelo e blogueira Laura Cavalcante, ela procurou a clínica para uma fotodepilação, mas saiu com queimaduras graves, sentindo fortes dores, e foi parar em um hospital.

De acordo com a dermatologista e integrante da SBD em Alagoas, Elvira Câncio, o tratamento de depilação definitiva deve ser realizado por um médico, para que se identifique antes qual o laser mais adequado para o tipo de pele, principalmente peles bronzeada, morena e negra, que exigem cuidados especiais.

“Não é todo tipo de aparelho que a gente pode utilizar para depilação. Foram queimaduras que devem deixar cicatrizes na perna da paciente e ter repercussão emocional e no trabalho dela. A dor insuportável (que a paciente sentiu) não é normal, é até um sinal de alerta”, afirma.

Conselho Federal de Medicina trava briga com clínicas

A advogada da SBD Alagoas afirma ainda que, devido ao crescimento do número de clínicas estéticas no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) tem travado uma batalha legal para obrigar os estabelecimentos a terem um responsável médico ou para que não realizem atos exclusivos do profissional de medicina.

Por conta da disputa, entidades como a Associação Brasileira de Dermatofuncional tem regulamentado a atividade e dado permissão a outros profissionais para atuar com os procedimentos. No entanto, o entendimento da SBD é que a lei do ato médico determina que a competência para regulamentar determinadas atividades exclusivas é do CFM.

“A clínica alega que a Associação de Dermatofuncional autorizou em resolução própria, mas eles não têm a competência para tal decisão. Além disso, alega ainda que não realiza procedimentos invasivos, no entanto a pele é um órgão, e o microagulhamento, por exemplo, perfura a pele”, explica.

Em nota, a clínica que fez a depilação em Laura disse que lamenta o ocorrido, que tem prestado assistência à modelo e se prontificado a custear todas as despesas para o tratamento. “A proprietária da empresa se colocou à disposição para que Laura fosse atendida por uma profissional, que é referência nesse tipo de lesão, mas a modelo se recusou o atendimento. Desde então, a clínica acompanha o processo de tratamento da modelo sempre disponibilizando ajuda emocional, médica e financeira, sempre colocando a recuperação da modelo em primeiro lugar”, diz a nota.

A empresa ainda informou que está no mercado há mais de cinco anos, regularizada pelos órgãos competentes; que as profissionais que realizam os procedimentos são fisioterapeutas habilitadas para uso da máquina de fotodepilação, atividade regulamentada e autorizada conforme o Conselho de Fisioterapia; que é referência em estética avançada no mercado alagoano, e que já realizou mais de 8 mil procedimentos.

Para a SBD, a forma de um paciente se resguardar é verificar se a clínica tem um médico responsável, pesquisar o registro dele no CRM, e verificar o registro de especialidade, o RQE, que deve estar exposto no estabelecimento.

Fonte: TNH1

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