Sim, essa palavra q nunca mais eu vou dizer;
porque hoje morreu meu colo.
porque nada mais de mal, ou de grave, poderia acontecer comigo, porque meu colo não está mais aqui.
minha mãe passou a vida dando colo:
pra qualquer um e pra todos.
a pessoa mais generosa q eu conheci.
a pessoa mais doce.
a q me treinou desde cedo a não brigar. a escolher o bem.
a tentar sempre compreender o caminho, as escolhas e o lugar do outro. os limites do outro.
a deixar ir.
o amor liberta.
sempre.
ela me ensinou um bocado de coisas lindas.
e me ensinou sendo, o q faz toda diferença.
ainda não sabemos do q ela morreu, mas morreu dormindo.
e desde q sou pequena vejo ela “marcar” seu encontro com a morte exatamente desse jeito:
se ela vier,
q seja assim.
mãe, a morte te obedeceu direitinho.
acho q é porque vc merecia.
mas o q eu acho mesmo é q foi muito cedo.
mãe , eu to devastada.
essa é a palavra q mais explica o q eu tô sentindo.
meu coração ta queimando de dor,
tipo a amazônia,
tipo o fim de tudo.
mãe, quem vai ser meu colo? não digo amanhã, depois… mas hoje?
mãe, hoje eu vou tentar ser colo pros meus irmãos. eu prometo. e pra sua mãe também.
mãe,
a partir de hoje,
eu vou morrer um pouco todo dia;
de saudade.
te amo.
mãe… eu ainda não acredito.