Ceramista Marinalva Bezerra da Silva é diplomada Patrimônio Vivo de AL nesta quinta
Alagoas tem uma nova Mestre do Registro do Patrimônio Vivo. É a ceramista Marinalva Bezerra da Silva. Ela é remanescente do Quilombo dos Palmares e há mais de 50 anos tira o sustento dela e da família do barro. Sua diplomação será nesta quinta-feira (22), às 17h, no Maceió Shopping.
Dona Marinalva tem 81 anos e é moradora da Comunidade Muquém. Sua obra em cerâmica é utilitária, em um movimento contínuo e sem torno, feita por suas próprias mãos com barro extraído das imediações do Rio Mundaú.
“Desde o início, era do barro que aqui todo mundo vivia. As mulheres faziam louça, os homens faziam telhas e tijolos. Trabalhar com barro é algo passado por gerações. Começou com minha bisavó, até chegar a mim. Meu sustento veio das panelas. Criei cinco filho e oito sobrinhos assim”, relata a artesã.
Além de panelas, Marinalva produz potes, moringas, cuscuzeiras, chaleiras e outras peças do dia a dia. As coisas, no entanto, ficaram mais difíceis depois da chegada das panelas de alumínio.
“Antes, se eu levasse para a feira 20 cabaças, voltava sem nada. Agora todo mundo só quer garrafa térmica. Antes, a gente só bebia água do pote. Agora todo mundo só quer água gelada”, conta Marinalva. Ela ressalta ainda que não troca sua água do pote por nada.
A nova Mestre do Patrimônio Vivo de Alagoas nasceu e cresceu no Quilombo. Ela é a última remanescente da produção de utensílios de barro. Suas cuscuzeiras foram apreciadas por estudiosos da arte, que consideraram as peças com uma técnica peculiar, por serem totalmente manuais.
Ao todo, Alagoas tem 40 Mestres considerados Patrimônios Vivos. Esse registro reconhece pessoas que compartilham seus conhecimentos ou técnicas necessárias para a produção e preservação da cultura tradicional ou popular de uma comunidade do estado, nas áreas de danças e folguedos da cultura popular, literatura oral ou escrita, gastronomia, música, artes cênicas, artesanato, e outras.
Pode receber o registro de Patrimônio Vivo quem é brasileiro residente em Alagoas há 20 anos, que tenha participação comprovada em atividades culturais no mesmo período e esteja capacitado a transmitir seus conhecimentos e técnicas para a sociedade. A seleção é feita por uma comissão.
G1