FPI constata abandono nas aldeias indígenas localizadas em Palmeira dos Índios
Os índios alagoanos continuam enfrentando dias muito difíceis. A maioria das nove aldeias localizadas em Palmeira dos Índios – município que abriga o maior número delas – permanece sem estrutura mínima de moradia. Para se ter uma ideia, grande parte das casas ainda são de taipa e, no interior delas, não há sequer banheiros. Por isso, buracos precisam ser cavados no chão de terra como única opção para enterrar sedimentos.
Porém, as dificuldades vivênciadas no cotidiano não param aí. Além da falta de água encanada e de saneamento básico, muitos indígenas não dispõem, por exemplo, de posto de saúde nem de escola em suas aldeias.
A constatação é da Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FPI do São Francisco) que, desde o início desta semana, quando iniciou a 10° etapa, vem fazendo vistorias diárias nas aldeias.
A primeira delas foi a Xucuru-kariri Monte Alegre, localizada em Palmeira dos Índios, Agreste alagoano. Todas as 30 famílias que moram na localidade vivem em casas de taipa que não possuem banheiro nem água encanada.
“É preciso cavar buracos no chão para conseguir água para beber. E, nesse líquido, é comum encontrar sapos e outros tipos de animais. O resultado dessa vida precária pode ser medido pelas doenças que a comunidade enfrenta, principalmente as crianças, que vivem com doenças bacterianas, com erupções de pele e até mesmo com suspeitas de equistossomose”, frisou o coordenador da equipe Comunidades Tradicionais e Patrimônio Cultural, Ivan Soares Farias.
De acordo com ele, a situação é precária em vários sentidos porque os órgãos responsáveis não prestam assistência como deveriam. Recentemente, crianças e adolescentes passaram, aproximadamente, três meses sem ir à escola por falta de transporte escolar que pudesse levá-los, já que o ônibus que fazia o serviço sumiu por 90 dias sem aviso prévio e justificativa.
Também em Palmeira dos Índios, a equipe visitou a pequena aldeia xucuru-kariri Riacho Fundo que possui oito famílias. Um dos maiores problemas atuais diz respeito a água encanada.
“Eles perderam um poço artesiano simplesmente porque a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) não fez a perfuração de forma correta. Resultado: hoje a comunidade recebe galões de água do órgão, mas o preço por tudo isso é muito alto e a qualidade deixa a desejar”, ressaltou Ivan Farias.
Outro problema enfrentado pelas aldeias é a falta de segurança. A equipe da FPI está desconfiada de que os indígenas estão sendo usados por traficantes que atuam na região de Palmeira dos Índios, onde há nove aldeias xucuru-kariri – único grupo indígena que teve o território demarcado e, ainda assim, não foi regularizado.
Nessa terça-feira, 6, a aldeia indígena Xucuru-kariri Jarra também foi visitada pela FPI, que constatou situação precária.
Até a próxima semana, a FPI do São Francisco fará um levantamento de dados para identificar os problemas vivenciados por cada uma delas, assim como os dos povos quilombolas e os de matriz africana. Também serão visitados sítios arqueológicos alagoanos.
Assessoria