Sobrevivente nega que catamarã tenha batido em pedra antes de naufrágio em Maragogi
Um dos sobreviventes do acidente com o catamarã “Tô a Toa”, que naufragou na tarde do sábado (29) em Maragogi, Litoral Norte de Alagoas, negou a versão de que a embarcação afundou após atingir uma pedra. A informação tinha sido passada por testemunhas ao Corpo de Bombeiros logo após o acidente.
Tarcísio Gomes integrava o grupo de turistas de Fortaleza que estavam na embarcação e é filho de uma das duas idosas que faleceram no acidente. Ele deu detalhes do momento do naufrágio em entrevista à TV Gazeta de Alagoas, exibida nesta segunda-feira (29).
“Não houve pedra no meio do caminho. Estávamos felizes, sentados, cantando, quando de repente o barco inclinou e o marinheiro mandou todo mundo ir para o outro lado. Daí quando todo mundo foi pra o lado que ele mandou, o barco inclinou e virou”, lembra Gomes.
A assessoria do Corpo de Bombeiros disse que a informação de que a embarcação havia batido em uma pedra antes de naufragar foi passada por testemunhas que fizeram o chamado para o socorro e que coube à corporação apenas fazer o resgate.
Uma outra embarcação que seguia para o mesmo passeio se aproximou para fazer o resgate, dando prioridade às crianças e às pessoas que não sabiam nadar. Quando todos estavam no outro barco, Tarcísio Gomes percebeu que a mãe não havia sido resgatada.
“Mergulhadores chegaram para ajudar. Mergulhei, mas estava muito escuro, daí um mergulhador chegou, entrou no barco e trouxe a dona Fátima. Quando cheguei no barco as pessoas procuravam por minha mãe. Quando entrei, não encontrei minha mãe”, disse Tarcísio.
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O sobrevivente contou ainda que não era a primeira vez que ele fazia esse passeio com a família, e que algumas uma coisas chamaram atenção logo no início: o embarque em um local diferente da praia, a ausência de coletes salva–vida e as condições climáticas instáveis.
“Já estivemos outras vezes em Maragogi e fizemos esse passeio. Daí estranhamos o ponto de saída, perguntamos pelos coletes e eles disseram que pegaríamos no outro barco que estava à frente. Também disseram as condições do tempo, que estava fechado, mas logo iria mudar, E que estava tudo tranquilo. Acreditamos no que falaram”, completou.
Além da mãe de Tarcísio Gomes, outra idosa também acabou morrendo afogada no naufrágio do catamarã. O acidente aconteceu a 3 km da praia em uma localidade conhecida como ‘Buraco’.
Um outro turista que estava na embarcação lembra que o mar estava bastante agitado e que o catamarã começou a virar após uma onda que jogou muita água na embarcação.
“O mar estava bastante agitado. Eis que vem uma onda muito grande e entra bastante água no barco. Quando entrou bastante água no barco, todo mundo foi pro lado oposto, mas mesmo assim não teve jeito, a força da água foi tão grande que a embarcação virou”, disse o estudante João Victor Macena.
Lucimar Gomes da Silva, que faleceu no acidente, com o filho Tarcísio Gomes da Silva, durante um outro passeio feito em Maragogi no mês passado — Foto: Reprodução/Instagram
As investigações
A causa do acidente pelo passeio turístico será investigada pela Polícia Civil. O delegado Aylton Soares Prazeres disse ao G1 que só após o relatório da Marinha vai ser possível dizer se vai requerer a prisão do responsável pela embarcação.
A promotora de Justiça de Maragogi, Francisca Paula, também investiga o caso. Ela informou que já foram ouvidos o homem que alugou a embarcação, identificado apenas como Wanderson, familiares das vítimas e do ex-prefeito de Maragogi Marcos Madeira, que contou à polícia que o catamarã é do irmão dele, embora ainda esteja no nome da antiga proprietária, Simone Leite.
Entre as inúmeras irregularidades já apontadas, como ausência de itens de segurança na embarcação e de alvará para realização da atividade turística, a pessoa apontada como proprietária do catamarã disse que o barco havia sido negociado há 2 anos, mas que a documentação de transferência não havia sido regularizada.
Por meio de nota na noite de domingo (29), a Marinha do Brasil informou que a Capitania dos Portos de Alagoas abriu um inquérito para “apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente” e esclareceu que a embarcação estava com a vistoria válida.
A reportagem entrou em contato com a Marinha às 9h40 para saber se a perícia na embarcação estava agendada ou se já tinha sido feita, mas ainda não teve reposta.
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