Em 3 meses quase 1600 pessoas foram picadas por escorpiões em Alagoas

No primeiro trimestre deste ano foram registrados, somente em Alagoas, 1.583 casos de picadas de escorpiões, e uma morte em decorrência da mordedura. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (Sim), ambos do Ministério da Saúde. Ainda conforme esses dados, em 2018 houve 9.619 ocorrências, com o registro de um óbito em todo o estado.

As atenções devem ser redobradas nesta época do ano, já que os animais peçonhentos fogem das temperaturas baixas e procuram lugares mais quentes para se abrigar, como sapatos e móveis. No caso de chuvas, se houver alagamento em determinadas áreas, os animais também acabam sendo expulsos de onde estavam e migrando para quintais e para o interior das residências.

Por meio da assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Carlos Eduardo da Silva, assessor de Vetores, Zoonoses e Fatores Ambientais da pasta, destacou que as pessoas que sofreram picadas de escorpião devem lavar o local com água corrente e sabão e procurar imediatamente uma unidade de saúde, para que o médico avalie a necessidade da aplicação do soro antiescorpiônico ou do uso de analgésicos e anestésicos.

Segundo Carlos Eduardo, os sintomas decorrentes da picada do animal envolvem febre e dor intensa no local. Se a picada atingir os pés, a dor irradia por toda a perna e o paciente pode apresentar calafrios, alteração na pressão arterial e até nos batimentos cardíacos.

Dor e cuidados

Foi justamente no pé que a autônoma Vilma Morais, de 38 anos, foi mordida em 2018, no quintal de casa, localizada na Levada. “Não parei de chorar e gemer enquanto aguardava atendimento médico na emergência do plano, para onde fui assim que aconteceu. A dor era insuportável, mal conseguia respirar ou me mover”, relatou.

Traumatizada e com medo de passar por aquilo novamente, depois do acidente a autônoma providenciou uma limpeza geral no quintal e nos cômodos, abandonou o hábito de andar descalça, mesmo dentro de casa, e hoje, mais de um ano depois de ser picada pelo animal peçonhento, continua verificando sapatos, roupas e bolsas antes de usá-los.

A estudante Letícia Andrade, de 20 anos, foi picada duas vezes quando criança. A primeira, aos sete anos. Ela brincava com um colchão no chão, em um dos cômodos da casa, no Conjunto Graciliano Ramos, e não percebeu que havia um filhote de escorpião no objeto. “Minha mãe conseguiu pegá-lo, colocá-lo em um pote e fomos para o hospital, onde tomei injeção em cima da picada”, contou.

Da segunda vez, aos dez anos, o aracnídeo estava escondido em um tênis e picou seu dedão quando ela foi calçar os sapatos. “Os tênis estavam em um armário úmido e um escuro e minha mãe sempre avisava que eu batesse os calçados no chão antes de usar, mas desta vez esqueci. Depois disso, até hoje bato os sapatos e presto atenção no chão”, completou. Como na primeira vez, ela também foi levada – junto com o escorpião – para o hospital, onde foi medicada.

Atenção redobrada

Em geral, são raros os casos de óbitos decorrentes da picada, mas é preciso maior atenção caso as vítimas sejam crianças, idosos ou portadores de doenças crônicas, devido à fragilidade quando expostas ao veneno.

Ainda de acordo com o assessor da Sesau, as crianças, por exemplo, são mais propensas a serem picadas por escorpião, pelo fato de andarem descalças e, às vezes, brincarem com restos de materiais de construção. “É necessário que esse público procure um serviço médico, assim que a picada acontecer, no intuito de que seja avaliada a gravidade do acidente”, orientou.

Cuidados

Cuidados simples, como examinar roupas, calçados, toalhas e lençóis antes de usá-los; manter limpos e evitar o acúmulo de entulhos e lixo em ambientes como quintais, jardins, garagens e depósitos; não encostar camas e berços nas paredes; e evitar que mosquiteiros e lençóis arrastem no chão, podem prevenir os ataques dos animais.

Carlos Eduardo recomenda atenção ainda ao manusear materiais de construção, somente com luvas de raspa de couro e calçados.

“É importante também tomar cuidado especial ao encostar em locais escuros e úmidos e com presença de baratas; rebocar paredes e muros que apresentem vãos e frestas; vedar soleiras de portas com rolos de areia; usar telas em ralos do chão, pias ou tanques; acondicionar o lixo em recipientes fechados para evitar baratas e outros insetos que servem de alimento aos escorpiões”

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