Nova barragem racha e prefeitura emite alerta de enxurrada na Bahia
Uma segunda barragem de pequeno porte no município de Pedro Alexandre (435 km de Salvador) rachou nesta sexta-feira (12) e a prefeitura da cidade vizinha de Coronel João Sá emitiu um novo alerta de enxurrada para a população. A primeira barragem se rompeu na manhã de quinta-feira.
Em uma rede social, o prefeito de Coronel João Sá, Carlos Sobral, afirmou que a barragem está com uma rachadura grande em sua estrutura e disse que Corpo de Bombeiros confirmou que há risco de rompimento.
A barragem fica no povoado Boa Sorte, no município de Pedro Alexandre, a 17 quilômetros de Coronel João Sá.
“As águas vão chegar muito mais rápido. Por isso, eu peço para as pessoas que retornaram para essas áreas de risco que voltem para onde vocês dormiram ontem à noite. Voltem para as escolas, o ginásio de esportes e para a casa dos parentes que vamos dar toda a assistência”, afirmou o prefeito.
Após vistoria realizada por técnicos da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, o governo da Bahia confirmou nesta sexta-feira (12) que houve rompimento na barragem do Quati.
A falha na barragem resultou na inundação de cerca de 40% da área urbana de Coronel João Sá. Até o momento, não houve feridos nem há registro de pessoas desaparecidas.
GOVERNADOR VISITA
O governador da Bahia, Rui Costa, visitou Pedro Alexandre e Coronel João Sá na tarde desta sexta. Horas antes, em uma inauguração na cidade Paulo Afonso, ele explicou que houve um “efeito cascata” em pequenas barragens da região, potencializando a enxurrada.
“Agradeço a Deus por não ter nenhuma vítima. O que houve foi perda material”, afirmou o governador.
Ao todo, 40 bombeiros militares da Bahia já estão na região e atuam no resgate e apoio às pessoas que estão desalojadas ou desabrigadas. Mergulhadores também fazem buscas nas áreas atingidas.
O rompimento da barragem do Quati na quinta-feira pegou de surpresa parte dos moradores de Coronel João Sá, que fica abaixo da barragem.
O volume de chuvas fez com que a prefeitura começasse a emitir alertas nos bairros próximos ao rio do Peixe por volta das 8h da manhã. Às 11, aconteceu o rompimento e a água começou a atingir os bairros.
“É o tipo de coisa que a gente vê só na televisão. Pensava que nunca ia acontecer com a gente”, afirma Luciana Santos, 30, que trabalha como gari na cidade e viu parte da sua casa ser derrubada pela força da água.
Ela afirma que a princípio não acreditou nos alertas de uma possível enxurrada: “A gente acho que era mentira, que era brincadeira”, lembra. Quando a água chegou, só teve tempo de pegar os documentos e correr para a parte mais alta da cidade junto com a mãe, tio e filha com quem divide a casa.
Desde tarde de quinta-feira (11), ela e a família estão em uma escola municipal da cidade, onde divide o espaço com outras dezenas de pessoas com histórias semelhantes.
Dentre elas está a agente de saúde Maria Martins dos Santos, 48. Ela não chegou a ter sua casa destruída pela enxurrada e teve poucos danos materiais. Mas, desde o rompimento da barragem, está ilhada.
A sua casa fica do outro lado da ponte que atravessa o rio do Peixe, que está interditada por risco de desabamento. Sem ter como atravessar para o outro lado da cidade, abrigou-se em uma das escolas
Entre as cerca de 350 famílias desalojadas, a palavra de ordem é solidariedade, conta Maria Martins. Ela conta que os desabrigados estão organizando mutirões para arrecadar mantimentos e para tentar resgatar móveis e eletrodomésticos nas áreas onde o nível da água já baixou.
“Estamos trabalhando igual à formiguinha, em parceria. Aqui é um ajudando o outro”, diz a agente de saúde.
Entidades como a Voluntárias Sociais da Bahia, em Salvador, iniciou uma campanha para o recolhimento donativos, que devem ser entregues na sede da instituição na Praça do Campo Grande, entre 8h e 21h.
A prefeitura de Coronel João Sá disponibilizou o número da conta bancária do município para doações para as vítimas das enxurradas.
Doações
Banco do Brasil
Agência 3913-6
Conta 16000-8
CNPJ 14.215.818/0001-36