Descoberta de poços de gás natural em Sergipe e Alagoas é a maior desde o pré-sal
A estimativa é equivalente à um terço da produção total brasileira. A descoberta foi divulgada no mês passado e deve gerar cerca de R$7 bilhões por ano à Petrobrás e sócias. O cálculo foi feito pela consultoria Gas Energy.
Na avaliação do governo, a conquista pode ajudar a tirar do papel o esperado “choque de energia barata” prometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O plano é para baratear em até 50% o custo do gás natural e “reindustrializar” o País.
A aposta do governo é que em pouco tempo saia para venda o gás mais barato do país, direto de Sergipe. Com o aumento da produção reduzindo custos e a entrada de outras empresas com projetos de exploração, bem como de importação do gás, a tendência é reduzir a tarifa de transporte e, com isso, também do preço final do produto.
O governo também tem a expectativa de estimular a economia na região com o gás. De 2014 a 2017, a cadeia de óleo e gás ficou praticamente paralisada como reflexo da forte queda no preço do insumo no mercado internacional e das revelações da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que revelou bilhões em desvios de recursos na Petrobrás. “É possível que a gente assista a uma retomada da indústria de petróleo e gás no Nordeste, onde tudo começou”, diz o presidente da Gas Energy, Rivaldo Moreira Neto.
Além dos seis campos da Petrobrás, a ANP acredita que existem na região outras áreas com indícios de presença de petróleo e gás que, nos próximos anos, podem resultar em novas descobertas relevantes.
Pelos dados do Ministério de Minas e Energia, a Petróbras deve gastar em torno de R$2 bilhões neste ano para delimitar o reservatório e construir um gasoduto até a costa. A estatal, no entanto, não revela seus planos e se limita a dizer que “as águas profundas de Sergipe vêm mostrando grande potencial para o desenvolvimento”.
A expectativa é de que a exploração atraia grandes consumidores de gás para o município de Barra dos Coqueiros, vizinho a Aracaju, onde funciona o Porto de Sergipe, e, no futuro, traga um novo distrito industrial.
Argumentação é de que, com tanta oferta, não haverá alternativa aos fornecedores de gás senão baixar o valor da matéria-prima. Assim espera trazer de volta, principalmente, indústrias de vidro e cerâmica, que dependem do gás para fabricar produtos melhores e a um custo menor, para movimentar a economia do estado.