Júri da morte do dono do Maikai acontece na quinta-feira; ‘Saudade grande’, diz pai da vítima
Marcelo dos Santos Carnaúba, acusado de assassinar o empresário Guilherme Brandão, dono da casa de shows Maikai, vai a julgamento na quinta-feira (13), em Maceió, cinco anos após o crime. Ele é réu confesso e está preso.
Em entrevista ao G1 o pai da vítima, José Eutinio Brandão, falou sobre o julgamento e como vive desde que perdeu o filho.
“Nós lidamos há 5 anos, 3 meses e 18 dias com a falta dele. Eu confio primeiramente em Deus e em segundo lugar na Justiça alagoana. Tem sido muito severo. Tenho uma saudade muito grande da vida que nós levávamos, da maneira que meu filho vivia. Temos que pedir a Deus, a clamar por Justiça”, disse.
“A vida dele foi tirada por uma pessoa invejosa. Por um animal, um bicho, um maluco. Pedimos aos jovens alagoanos que vão amanhã e participem dessa luta nossa. Ainda mais que ele atirou e confessou. O medo nosso é que nós não deixemos esse bandido na rua”, ressaltou Eutímio Brandão.
Carnaúba foi preso em 2014, dias após o assassinato. Ele vai responder por homicídio triplamente qualificado em virtude de motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e ocultação de outro delito.
Pesa também contra ele o fato de alterar o lugar em que ocorreu o assassinato, em tentativa de atrapalhar as investigações.
O julgamento vai ser realizado no salão da 9ª Vara Criminal, no Fórum do Barro Duro, às 8h.
O empresário foi morto em 26 de fevereiro de 2014, dentro da casa de shows, que fica no bairro da Jatiúca, parte baixa da capital.
A princípio, as informações sobre o caso davam conta de que dois homens haviam entrado armados no estabelecimento, atiraram no empresário e fugiram levando cerca de R$ 2 mil.
Dias depois, no entanto, Carnaúba, que era gerente financeiro do local, confessou a autoria do crime. À polícia, ele disse que havia comprado uma arma no bairro do Tabuleiro e, após uma discussão no escritório, atirou contra Brandão.
Investigações concluíram que o réu estava desviando dinheiro dos negócios, até que foi descoberto pelo empresário, que ameaçava denunciá-lo à polícia. Pressionado, o gerente armou a morte do patrão de forma a parecer um assalto.
Ainda de acordo com as investigações, o gerente teria ligado o gerador da casa de shows para evitar que alguém ouvisse o disparo. Ele retornou ao escritório e atirou após ser empurrado por Brandão para fora da sala.
“Já dentro da sala, Brandão foi atingido por um disparo de arma de fogo na região da nuca, o que nos fornece a certeza de que o empresário recebeu o ataque nas costas e pelas costas, vale dizer, por traição e de forma a não ter qualquer chance de defesa”, disse um trecho da denúncia do MP.
Em 2015, a defesa do réu entrou com um pedido de habeas corpus, que foi negado pela Justiça.
A 49ª Promotoria de Justiça da Capital atuará no caso durante o júri. Os promotores Leonardo Novaes Bastos e Marcus Vinícius Batista Rodrigues Júnior farão o papel de acusação, ao lado do advogado José Fragoso, contratado pela família da vítima.
Instituto Guilherme Brandão
Eutímio Brandão disse que depois do assassinato descobriu que o filho fazia trabalho social com moradores de rua e decidiu continuar os trabalhos.
Então, o Instituto Guilherme Brandão foi criado 6 meses após o crime. Ele atende pessoas carentes no Vale do Reginaldo.
“Quando meu filho foi brutalmente assassinado, eu criei o Instituto Guilherme Brandão, onde mantemos mais de 300 famílias. Nós fazemos cursos profissionalizantes através do Senai, da Casa da Indústria e da Junta Comercial. Vamos educar essas pessoas. O que ele fazia antes, eu continuei “.
“Na calada da noite, ele passava na rua. Ele ia no Maikai olhar o movimento e de lá saía e fazia visita para as pessoas que viviam nas ruas, que deitavam nas marquises e embaixo das árvores. Ele dava cobertor, roupas para essas pessoas”, falou o seu José Eutímio Brandão.
Corpo de Guilherme Brandão foi encontrado dentro do escritório de sua empresa — Foto: Reprodução/Facebook