Olho Vivo: Mau atendimento no Santa Rita expõe as vísceras da saúde em Palmeira
Na última semana, o assunto que voltou à tona em Palmeira dos Índios foi a relação do Hospital Santa Rita com seus usuários, especialmente aqueles que dependem do SUS para ter um atendimento médico
naquela casa de saúde.
Tudo iniciou com o relato nas redes sociais da ex-vereadora Sheila Duarte (PT), que também é funcionária do hospital há 25 anos. De forma contundente, a ex-vereadora reabriu uma ferida que não quer sarar e foi contundente, revelando que a sua mãe teve o atendimento negado porque se exigiu dela, no ato do procedimento, após uma
consulta – o pagamento à vista de uma injeção, caso contrário, sua
genitora não seria atendida.
Sheila Duarte é uma das ‘madrinhas” da instituição, pois foi através de seus pedidos que o deputado Paulão destinou recursos para o nosocômio na ordem de R$6 milhões utilizados na modernização de equipamentos de sua estrutura.
Outro fato semelhante ocorreu com o advogado Everaldo Titara, que após passar mal no sábado (1º) e ter sido encaminhado pela UPA para o Hospital Santa Rita teve que esperar mais de duas horas para ser
atendido – mesmo estando sua saúde em situação delicada.
Foi necessário, um apelo comovente de uma filha do advogado e a intercessão do presidente da OAB local Marcus Ribeiro que entrou em contato com algumas pessoas ligadas a direção do hospital para que Titara fosse atendido. O assunto que ganhou rápido repercussão nas redes sociais revelou que o advogado só foi atendido após o vereador
Pedrinho Gaia (filho do provedor do Hospital licenciado) receber uma ligação do Controlador do Município e autorizar seu atendimento.
Esses casos que ganharam repercussão – por causa dos pacientes que são pessoas de notoriedade na sociedade local – suscitaram a pergunta de quantos anônimos não têm negado o atendimento médico no Hospital Santa Rita e não possuem vez e voz para protestar? Mensalmente, mais de R$1,5 milhão (um milhão e meio de Reais) são
repassados ao Hospital Santa Rita pela prefeitura que recebe esses recursos do SUS. O hospital subsiste em razão do Poder Público, porém limita o atendimento a cidadãos e usuários do SUS que tem
direito garantido ao atendimento.
Além disso, uma famigerada cobrança de R$90 para consultas realizadas para quem não tem convênio médico ainda persiste e mais algumas despesas a serem pagas na hora do atendimento se precisar de medicamentos ou injeções, por exemplo.
Mesmo com essa cobrança absurda, isso não afasta o usuário mais pobre da instituição – que se sacrifica financeiramente para ser atendido no hospital ao invés de ter que enfrentar a assustadora Unidade de Pronto Atendimento (UPA), local de relatos tenebrosos de mau atendimento, que foi inaugurada há quatro anos – mas só atende com médicos generalistas e mesmo assim precariamente.
Os postos de saúde também não estão atendendo a contento a população. Reclamações de usuários em determinadas unidades básicas de saúde são constantes por marcações de exames extrapolarem o prazo em meses para realização.
Tribuna do Sertão
Pedro Gaia usando o hospital, fazendo politica para o filho.