Ginecologista é acusado de assediar 24 mulheres durante consultas
Um perfil anônimo criado nas redes sociais no dia 10 de maio iniciou uma onda de denúncias de assédio sexual contra pacientes do médico Orcione Júnior, ginecologista e obstetra, praticado durante as consultas, em Vitória da Conquista, na Bahia.
O perfil ‘Diganaovca’, no Instagram, relatou atitudes abusivas do profissional durante o atendimento e, no mesmo dia, recebeu mensagens de outras mulheres que também se sentiram assediadas pelo médico e não tinham tido coragem de denunciar o caso.
No total, 24 mulheres relataram até o momento ter sido vítimas de abuso sexual por parte dele, e levaram o caso à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e à Polícia Civil, que instaurou inquérito para apurar a situação. Os crimes teriam ocorrido no consultório do médico, entre 2018 e 2019. A defesa disse que ele nega as acusações.
“Pelo que a gente leu, sobretudo nas redes sociais e com as falas de algumas mulheres lá na OAB, a gente pode vislumbrar, sem dar tanta certeza, porque ainda tem uma investigação em curso, o crime de importunação sexual mediante fraude”, avalia a presidente da Comissão Mulher Advogada da OAB, Luciana Santos Silva, em entrevista à afiliada da Globo no estado.
A delegada Decimária Gonçalves, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Vitória da Conquista, informou que foi aberta uma investigação na segunda-feira e, a partir dessa quarta as primeiras vítimas começaram a comparecer à delegacia para prestar depoimento. O Ministério Público da Bahia acompanha o caso.
O que diz a defesa do médico
O advogado de defesa do médico Orcione Júnior, Paulo de Tarso, informou ao G1, na quarta-feira, por telefone, que o profissional nega todas as acusações. O advogado disse, ainda, que o cliente vai conceder uma entrevista coletiva à imprensa, na sexta-feira (17), para dar sua versão sobre o caso.
Relato recebeu milhares de comentários e curtidas
O primeiro relato postado nas redes sociais foi feito pelo próprio perfil ‘Diganaovca’. Mais de duas mil mulheres comentaram com mensagens de apoio e indignação ou marcando amigas. Leia um trecho da denúncia:
Bom, há dias estou pensando por onde começar, porque eu não queria ficar calada, pois sei que se aconteceu comigo, pode acontecer com outras garotas. Então resolvi começar do começo mesmo e relatar o que aconteceu durante o meu atendimento com @drorcionejunior.
Há algumas semanas estive em seu consultório para realizar um preventivo e eu de fato estava muito nervosa por ser a primeira vez que passaria em um homem. –
No início, a consulta estava seguindo com normalidade, até eu achar estranho/desnecessário ele elogiar o meu clitóris “seu clitóris é um pouco grande mas é bonito e interessante” a partir daí não tive nem reação para respondê-lo.
A consulta continuou e ele ainda estava colhendo o meu material, até que eu senti que ele estava tentando estimular o meu clitóris, mas como ele ainda estava colhendo o material eu até achei que seria normal, foi quando ele tirou o espéculo mas ainda sim continuou na tentativa de me estimular.
Logo depois eu o perguntei se já tinha acabado e ele disse todo sem graça que sim, então ele se aproximou de mim, pediu para que eu tirasse minha blusa para examinar os meus seios e assim o fez, nesse período ele tentava guiar o meu braço para perto do pênis dele e no primeiro momento ele obteve êxito, pois eu achava que era a posição correta que o braço teria que ficar para o exame ser feito e nesse momento eu senti que o pênis dele estava ereto. Foi aí que eu tirei meu braço de perto dele e só tremia, depois me pediu pra ir vestir minha roupa e assim eu fiz.
Quando voltei ele me pediu para sentar e foi aferir minha pressão, ele segurou meu braço de uma forma que queria que a minha mão passasse novamente no pênis dele, mas eu esquivei e coloquei em cima da mesa. Logo depois disse que a minha pressão estava normal e que eu poderia voltar com 30 dias para pegar o resultado.