Serviço Geológico confirma relação das ações da Braskem com as rachaduras no Pinheiro, Mutange e Bebedouro
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) concluiu que a principal causa para o surgimento das rachaduras nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro é atividade da Braskem na região para extração de sal-gema, um tipo de cloreto de sódio utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC. O relatório foi divulgado nesta quarta-feira (8), na sede da Justiça Federal em Alagoas.
A reportagem tenta contato com a assessoria da Braskem.
“A gente entende que existem estruturas geológicas importantes em áreas da mineração da Braskem em uma série de cavidades construídas exatamente na intersecção das estruturas e isso não deixou que a caverna ficasse íntegra, destabilizou a caverna e causou o que a gente está vendo no Pinheiro, a ruptura”, explicou o assessor de Hidrologia e Gestão Territorial do CPRM, Thales Queiroz Sampaio, na audiência pública.
O problema começou em fevereiro de 2018, após fortes chuvas e um tremor de terra. Desde então, a situação só se agravou, obrigando centenas de famílias a deixarem suas moradias por causa dos riscos de desabamento.
Relatório aponta falhas nas minas de extração de sal-gema que já foram paralisadas pela Braskem — Foto: Reprodução/CPRM
Segundo o relatório, a exploração de sal-gema, feita de forma inadequada, desestabilizou as cavernas subterrâneas que já existiam nos bairros, causando o afundamento do solo e, consequentemente, as rachaduras.
Para concluir os estudos, os pesquisadores utilizaram vários métodos científicos que foram interpretados e integrados. Com base na análise subterrânea, os pesquisadores constataram um deslocamento da superfície compatível com a deformação das rochas das camadas geológicas na região de poços de extração de sal-gema.
Os estudos feitos na borda da Lagoa Mundaú também apontam deformações no local compatíveis com a extração extração do sal-gema.
Ainda com base nos estudos, foi recomendado que sejam tomadas medidas de prevenção, na tentativa de estabilizar os processos erosivos, como saneamento básico, instalação de rede drenagem eficiente nos bairros e demais obras estruturantes.
Os pesquisadores descartaram a hipótese de afundamento causado por efeitos decorrentes da extração de água subterrânea. Entretanto, pode ocorrer o fenômeno de rastejo pela extração da sal-gema.
O relatório foi elaborado durante 1 ano e envolveu mais de 50 profissionais nos estudos.
Rachaduras no solo afetam imóveis no Pinheiro, no Mutange, e em Bebedouro, em Maceió — Foto: TV Gazeta/Reprodução
G1