Caso Daniel: família Brittes deve falar pela 1ª vez à Justiça

A segunda fase de audiência de instrução do caso Daniel começa nesta segunda-feira (1º) com o depoimento de testemunhas de defesa e, provavelmente, dos sete réus acusados pelo envolvimento em diferentes níveis no assassinato do jogador Daniel Correa, em outubro de 2018. Será a primeira vez que a família Brittes responderá às questões da Justiça desde o término do inquérito policial.

As testemunhas e réus falarão nos dias 1º, 2, 3 e 5 de abril, no fórum de São José dos Pinhais (PR). Devido à grande quantidade de réus (sete) e, consequentemente, às muitas testemunhas, não é possível dizer se os quatro dias reservados serão suficientes para que todos sejam ouvidos. Caso seja necessário, novas datas serão estipuladas para que todos falem à juíza Luciani Regina Martins de Paula.

São 77 nomes de testemunhas entre acusação e defesa. Só a família Brittes têm 48 nomes arrolados entre familiares, amigos próximos e pessoas que de alguma forma foram envolvidas no caso durante o andamento do processo, como o jornalista da Rede Massa, afiliada do SBT no Paraná, Eleandro Passaia e os policiais afastados Edenir Canton e Helder Padilha.

Edison Brittes Júnior, Cristiana Brittes, Allana Brittes, David Vollero, Ygor King, Eduardo Henrique e Evellyn Perusso são réus em diferentes crimes que ocorreram durante e após o assassinato de Daniel, como coação de testemunha e fraude processual. Evellyn, por exemplo, responde em liberdade por falso testemunho.

Depois de todos os depoimentos, há um prazo de cinco dias para alegações da promotoria e outros cinco para os defensores. Após analisar as manifestações, a juíza Luciani Regina Martins de Paula dará a sentença de pronúncia se os réus irão a júri popular.

Algumas perguntas ficaram sem respostas durante os interrogatórios dos réus pela polícia. Edison Brittes Júnior, que confessou ter assassinado Daniel, preferiu o silêncio em vários momentos, afirmando que esperaria o resultado do laudo do Instituto Médico Legal (IML). O momento para esclarecer o que aconteceu é agora.

O jogador foi morto após um “after party” na casa da família Brittes após a comemoração do aniversário de 18 anos de Allana na casa noturna Shed, em Curitiba (PR).

Edison Brittes Júnior se calou, principalmente, quando questionado sobre o que aconteceu após ele, Ygor King, David Vollero e Eduardo Henrique da Silva deixarem a casa da família Brittes levando Daniel no porta-malas do Veloster preto.

Brittes não respondeu, por exemplo, qual foi o caminho percorrido até chegar ao local onde Daniel foi morto; e não detalhou a sequência dos fatos, se a emasculação aconteceu primeiro ou antes do degolamento. David, Ygor e Eduardo também dão versões diferentes sobre quem desceu do carro e viu Edison Brittes matar o jogador.

Algumas questões relacionadas à sessão de espancamento a que Daniel foi submetido na casa da família também estão sem respostas por contradições em outros depoimentos à polícia.

Quem pegou a faca usada para matar Daniel? O que aconteceu com o celular do jogador? Qual foi a atitude de Cristiana Brittes ao ver o marido e outros espancando Daniel?

Cristiana é acusada de homicídio apesar de não ter acompanhado o marido e os outros três homens até o local onde Daniel foi morto.

A Justiça autorizou na semana passada que as imagens da casa noturna Shed, onde foi comemorado o aniversário da filha de Edison Brittes, sejam liberadas para análise a pedido da defesa da família, representada por Cláudio Dalledone Júnior. As imagens devem mostrar o interior da boate e o momento em que Daniel e os réus deixam o local rumo à casa dos Brittes.

A juíza Luciani Regina Martins de Paula negou na semana passada os pedidos feitos pela reportagem e demais veículos de comunicação para entrevistas com os réus Edison Brittes Júnior, Cristiana Brittes e Allana Brittes.

Na decisão, a juíza explicou que os depoimentos das testemunhas restantes poderiam ser prejudicados pelo acesso a declarações prestadas pelos réus.

“Algumas das testemunhas prestarão esclarecimentos a respeito dos fatos. Portanto, sua oitiva é de extrema importância para a ‘busca da verdade real'”, diz parte da decisão.

“Muitíssimo em breve os réus já terão a oportunidade de dar a sua versão dos fatos, sendo que a imprensa terá acesso a isso concomitantemente a este r. Juízo, bem como terá amplo acesso às mídias dos depoimentos, assim como ocorreu outrora”, completa a juíza.

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