Temer fica em silêncio em depoimento a procuradores
O ex-presidente Michel Temer (MDB) ficou em silêncio durante depoimento aos procuradores do Ministério Público Federal na manhã desta sexta-feira, 22. A reportagem apurou que o emedebista invocou o direito constitucional de ficar calado e os integrantes do MPF não fizeram nenhuma pergunta.
Também foram ouvidos nesta sexta pelo MPF o ex-ministro Moreira Franco e João Baptista Oliveira Sobrinho, o Coronel Lima, amigo do ex-presidente. Os depoimentos terminaram no início da tarde.
Michel Temer está preso preventivamente na superintendência da Polícia Federal no RJ, após ser detido nesta quinta 21 em sua casa, em São Paulo. Além de Moreira Franco e Coronel Lima, o juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio determinou a prisão de mais sete pessoas.
A decisão de Bretas foi tomada no âmbito de uma investigação que apura corrupção na estatal Eletronuclear, sobre a qual Temer exerceria influência. No entanto, tanto no pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato quanto na decisão do juiz, ficou claro que o ex-presidente foi detido por um conjunto de diversos fatos que teriam sido praticados por uma organização criminosa da qual ele seria o principal líder.
Segundo o Ministério Público Federal, os delitos relacionados a Temer somariam uma propina de 1,8 bilhão de reais. A Procuradoria inclui, na conta, os 720 milhões de reais que teriam sido prometidos pelo empresário Joesley Batista ao ex-presidente por meio do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR).
Ainda nesta sexta, o desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, remeteu à 1ª Turma da corte a análise do pedido de liberdade apresentado pela defesa do emedebista. O julgamento neste colegiado está previsto para acontecer na próxima quarta-feira, 27, a partir das 13h.
Em seu despacho, o magistrado também deu 24 horas para o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do RJ, que determinou a prisão de Temer, informar se mantém sua decisão. A partir de agora, crescem as chances de o ex-presidente impetrar um habeas corpus diretamente no Supremo Tribunal Federal.
A defesa de Temer não atendeu a reportagem para comentar a decisão do desembargador Athié. Na quinta, o advogado Eduardo Carnelós criticou a decisão. Ele argumenta que a investigação baseou-se nas palavras de um delator e que a decisão do juiz Marcelo Bretas não apresentou nenhum elemento de prova contra seu cliente que comprove o que foi dito no acordo de delação.
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