Nova Zelândia enterra primeiras vítimas de massacre em mesquitas

Um refugiado e seu filho foram enterrados nesta quarta-feira (20), na Nova Zelândia, durante os funerais de vítimas do atentado em duas mesquitas em Christchurch.

Centenas de pessoas, principalmente muçulmanas, se reuniram na manhã desta quarta em um cemitério próximo à mesquita de Linwood, o segundo alvo do ataque da sexta-feira (15), quando um supremacista branco australiano armado com um fuzil matou 50 fiéis.

A multidão se despediu de Khalid Mustafa, 44 anos, e de seu filho Hamza, 15.

A família Mustafa chegou à Nova Zelândia no ano passado como refugiada da guerra civil na Síria.

Zaid, 13 anos, outro filho de Mustafa, foi ferido no ataque mas sobreviveu e assistiu ao enterro em uma cadeira de rodas.

O refugiado afegão Abdul Aziz, que enfrentou o atirador na mesquita de Linwood, também compareceu ao enterro.

A dor pela perda dos entes queridos foi ampliada pelo fato de que as autoridades não entregaram os corpos no prazo de 24 horas para o enterro, como determina a tradição muçulmana.

Até o momento, apenas seis corpos das 50 vítimas foram liberados pelas autoridades, que afirmam fazer o possível para acelerar as autopsias e a identificação das vítimas.

O comissário Mike Bush explicou que o processo é lento diante da necessidade de identificar os corpos e a causa da morte sem qualquer dúvida, para não prejudicar o processo judicial. “Seria imperdoável entregar a uma família o corpo incorreto”.

Até o momento foram identificadas 21 vítimas, assinalou Bush.

A primeira-ministra Jacinda Ardern visitou nesta quarta o colégio Cashmere, onde estudavam Hamza, Zaid e outra vítima, Sayyad Milne, de 14 anos. Ao ser perguntada por um aluno sobre como se sentia, Ardern respondeu: “Estou triste”.

O supremacista branco australiano Brenton Tarrant matou os 50 fiéis nas duas mesquitas alegando lutar contra o que considera “invasores” muçulmanos e contra o islamismo radical.

‘Declarações ofensivas’

O primeiro-ministro australiano Scott Morrison anunciou nesta quarta-feira que convocará o embaixador turco em Canberra pelas declarações “muito ofensivas” do presidente Recep Tayyip Erdogan sobre os ataques.

Erdogan apresentou os ataques perpetrados pelo australiano como um atentado à Turquia e ao Islã e advertiu os antimuçulmanos daquele país que eles sofrerão o mesmo destino que os soldados de Gallipoli – uma sangrenta batalha da Primeira Guerra Mundial.

Gallipoli foi uma batalha da Primeira Guerra Mundial em que os otomanos deram uma sangrenta derrota a uma força aliada composta basicamente de australianos e neozelandeses.

“O presidente turco Erdogan fez declarações que considero muito ofensivas para os australianos e muito insensatas nesta delicada situação”, disse Morrison. “Espero e pedi que esclareçam estes comentários, que se retratem”, afirmou o premiê, avaliando que as declarações sobre a Austrália e sobre a resposta da Nova Zelândia ao ataque às mesquitas foram “infames”.

 

 

Fonte: G1

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