“Droga nossa de cada dia, armadilhas cotidianas”, Psicóloga fala sobre isso.

Falar de drogas do nosso dia a dia parece um pouco assustador, mas a realidade é, que não nos damos conta do quanto consumimos (mesmo que lícitas), essas substâncias. E neste artigo, apenas destas chamo a atenção, para que possamos nos cuidar melhor.

Diante da diversidade de problemas que permeiam o mundo contemporâneo, as drogas, tem sido destaque devido não só aos danos causados a saúde individual e coletiva, mas também pelo impacto em toda a sociedade, que tem exigido para sua prevenção o enfrentamento, a adoção de políticas e ações ainda mais articuladas que visem minimizar as consequências deste problema social, intimando assim, toda a sociedade cada vez mais para a conscientização sobre essa questão. Sabemos que “as drogas” sempre existiram, desde os primórdios, em seus chás e inaladores alucinógenos que eram utilizados como rituais religiosos e também medicinais, mas nos dias atuais se tornou um grave problema que atinge a toda sociedade e se tornou um importante problema de saúde pública.

É importante ressaltar que existem vários tipos de drogas que atuam de diversas formas no organismo, provocando alterações psíquicas e comportamentais, podem ser lícitas e ilícitas, como os remédios que facilmente encontramos em nossas casas, a exemplo de anfetaminas, tranquilizantes/ansiolíticos, remédios para emagrecer que os laboratórios lançam como milagre. No que se refere aos ansiolíticos podemos dizer que são importantes recursos terapêuticos quando prescritos pelo profissional médico, do contrário, é perigoso e pode causar danos irreparáveis à saúde, portanto é necessário muita cautela em seu uso.

Em nossa casa, ainda existem os solventes, cola, cigarros dentre outros, inclusive, o nosso cafezinho, a cafeína é considerada a droga lícita mais consumida no mundo, sua classificação como droga se dá porque é utilizado como um estimulante cardíaco e diurético, além provocar euforia e causar dependência física e psicológica agindo de forma semelhante à outras drogas, porém com um grau bem menor, as pessoas que tem dependência da cafeína quando tentam deixar de usa-la encontra algumas dificuldades devido ao aumento da sensação de prazer e bem-estar que ela provoca, passam a apresentar dores de cabeça, irritabilidade, desanimo, dentre outros, ocasionadas pela dilatação dos vasos sanguíneos do cérebro, claro que aqui estamos falando de uso abusivo de cafeína.

Mas, e o álcool? é impossível falar de drogas e não falar do poder do álcool, por ser a droga mais usada e mais antiga na sociedade, ele tem o doce poder de desinibir seus usuários, diminui a depressão e ansiedade, relaxa e geralmente traz a sensação de poder, talvez por tudo isso, cada vez mais as estatísticas aumentam para seu uso e abuso, bem como a dependência deste; os usuários que tem problemas com álcool, acreditam que seu uso melhora o desempenho pessoal de maneira que quando se depararem com eventos complicados na sua vida, recorrem ao álcool, sem nenhuma percepção dos excessos.

O álcool está presente em diversos usos, como doméstico, industrial, na área da saúde (desinfetante de feridas, de centros médicos hospitalares), além de se tornar o principal combustível de recreação de adultos e jovens, mas também, muito atuante nos acidentes de transito em cerca de 50%, acidentes domésticos, até suicídio, todos atribuídos a alta toxicidade do álcool. O uso abusivo de álcool pode causar dependência sim e, em longo prazo, pode causar graves danos cerebrais e mentais, como, demência alcoólica, atrofia cerebral, perturbações visuais, confusão mental, fortes tremores, dentre inúmeras outras doenças físicas, mentais e psicológicas. Portanto, buscar conhecimento às armadilhas do álcool/alcoolismo pode ser uma grande oportunidade de auto cuidado, refletir sobre o que está sendo usado em seu corpo, sua vida, seu mundo, pode trazer uma vida mais saudável, sobretudo sóbria.

Chamo a atenção também, para a ansiedade nossa de cada dia (sem me aprofundar), que é um sentimento natural do ser humano, é uma manifestação de vida e de defesa do organismo e carece ser tratada como estimulo natural, no entanto, é necessário observar as causas, efeitos, disfunções ou irregularidades (insônia, agitação, irritabilidade, tremores etc.) do organismo quando um nível elevado de ansiedade ocorrer, e sempre procurar um profissional para auxiliar em possível cuidado/tratamento, e não recorrer imediatamente aos remédios (ansiolíticos), evitando assim, o aparecimento de outras doenças.

Droga do ponto de vista etimológico, é qualquer substancia que age em um organismo vivo, que provoca alterações em seu funcionamento; as drogas psicoativas são aquelas que sua ação principal se dá no Sistema Nervoso Central (SNC), que provoca alterações/modificações da atividade do mesmo, especialmente a consciência, as funções cognitivas como memória, atenção, concentração, orientação, pensamento, senso percepção e conduta.

A dependência a uma droga é um fenômeno ativo que se instala quando um sujeito desenvolve tolerância a uma substância e, portanto, necessita compulsivamente, usar numa maior quantidade para “abrandar a dor” que a falta desta provoca, surgindo sinais e sintomas psicofísicos de abstinência, que são característicos pela falta da droga no organismo. A dependência física se caracteriza pelo mal estar físico, pela dor, tremores, perturbações do funcionamento neurológico, cardíaco, hepático, renal e digestivo, enquanto a dependência psíquica se caracteriza pela ansiedade, insônia, desconhecimento do seu próprio eu, além de intolerância e irritabilidade. Do ponto de vista dinâmico, a dicotomia entre dependência física e psíquica não existiria, mas sim, um processo marcado pela repetição compulsiva da relação do sujeito com sua droga.

Sobre as drogas ilícitas, são alarmantes os estragos provocados em todo o mundo, pois, atinge várias camadas sociais, e os impactos e os custos são incalculáveis, dentre muitos estão a disseminação de doenças infecciosas como HIV/AIDS e hepatite C, mortes devidas à overdose, crime e prisões, aumento de despesas médicas, de processos judiciais, perda de produtividade, além de sofrimento emocional e/ou psíquico das vítimas e de seus familiares, inclui ainda nesse rol os custos com a saúde (hospitalares,  farmacêuticos, acidentes de automóveis), educação e prevenção, serviços de segurança privada, violência, sem contar com a lavagem de dinheiro onde o país deixa de arrecadar impostos para investir, e acaba que a sociedade é que paga o preço alto.

Mas acredito que a prevenção ainda é o caminho mais coerente para impedir ou diminuir que esse quadro se agrave, com uma educação que trate desses assuntos imprescindivelmente nas escolas, para que jovens, pais e educadores tomem “consciência” para uma reflexão mais séria e efetiva em seus cotidianos recreativos. Um ponto importante e necessário, é não esperar que outros façam o papel de pais e cuidadores, esta prevenção deve ser a partir da nossa casa, com diálogo com os filhos, sobretudo, com o exemplo, porém, buscar a ajuda de pessoas de confiança é uma ótima alternativa, como, um professor, um médico, um profissional de saúde, poderá ser muito útil em alguns momentos, e muitas vezes pode surtir um ótimo efeito. Os jovens são muito influenciáveis, agem com o modelo do grupo e os padrões determinados pela turma em que se relaciona, isso pode levar ao uso abusivo. O importante é que na família se abra espaço, que ele se sinta seguro para conversar sobre seus desejos e ser orientado sem rejeição, isso pode ajudar bastante para o fortalecimento de atitudes e vínculos também.  Embora, a venda de bebida alcoólica seja proibida para menores de 18 anos, é comum que eles consigam comprar sem nenhum problema.

Cabe ressaltar que, se tomarmos o resultado negativo pelas grandes festas como carnaval, por exemplo, em relação a problemas repercutido decorrente das drogas, seja pelo aumento das vendas destas, seja pelo aumento da violência, há um prejuízo irreversível ao desenvolvimento social e moral da sociedade.

Portanto, ficamos de olho em nossas escolhas, elas valem para vida toda!

 

 

Sérgia Mônica nascimento

Psicóloga Clínica / Psicopedagoga

Pós-graduanda em Neuropsicologia – UniBahia

Especializando em Saúde Mental – UNCISAL

 

 

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