Foliões se sujam de lama no bloco Sururu da Lama, em Maceió

A lama foi o principal adereço usado pelos foliões que participaram neste sábado (2) de mais uma edição do bloco Sururu da Lama, no bairro do Bom Parto, em Maceió. Além do “mela mela”, teve ainda muito maracatu e animação.

O Sururu da Lama é formado por batuqueiros de grupos afro alagoanos, produtores e artistas da cena cultural do estado. Em 2016, ele se uniu ao Bloco do Bobo, tradicional nas regiões da Brejal e do Bom Parto.

“A inspiração veio de outros blocos que têm lama. Aqui, o sururu é encontrado na lagoa, no mangue. Daí surgiu o nosso bloco. A ideia é o pessoal se melar mesmo. Tem gente que fica relutante no início, mas depois cai todo mundo na brincadeira. É engraçado porque nós fomos melados de lama ao Pinto [da Madrugada] e ninguém se reconheceu”, conta uma das organizadoras, Bárbara Moraes.

Além da lama, que na verdade é argila preparada para ser passada na pele, ainda tem distribuição de caldinho de sururu e xequeté, uma bebida tradicional das religiões afro-brasileiras. Ela é feita com gengibre, e recebeu um toque pagão da cachaça.

Cobertos de argila — Foto: Derek Gustavo/G1

Cobertos de argila — Foto: Derek Gustavo/G1

O batuque no bloco ficou por conta do grupo Afoxé Povo de Exu. O trajeto do bloco seguiu por ruas do Bom Parto, em direção à Brejal.

“Todo ano eu participo. Gosto de ver a organização, a música. Mas nesse ano não vou me melar não. Vou ficar quietinha aqui”, brinca a foliã Maryelle dos Santos. A concentração do bloco foi na frente da casa dela.

Um dos organizadores do Bloco do Bobo, Rogério Dias, diz que a folia ali no bairro já ocorre há pelo menos 20 anos. Há dois, foi preciso mudar o trajeto, por conta de um conflito entre gangues rivais, mas isso não tirou a animação da festa.

“É uma coisa muito simples. Não se propõe a ser um arrastão, é mais alegórico. Não tem um sábado de Zé Pereira que não tenha essa festa. Já chegamos a ter mil pessoas pulando aqui com a gente. Por conta desse problema com as facções, muitos blocos pararam, mas nós resistimos, pois acreditamos que a violência se instala quando o carnaval não tá presente. Ele traz paz, tira as crianças da ociosidade, nos une. É muito mais que uma festa”, pondera Dias.

Bloco Sururu da Lama, Maceió, Alagoas — Foto: Derek Gustavo/G1

Bloco Sururu da Lama, Maceió, Alagoas — Foto: Derek Gustavo/G1

Foliões de todas as idades participam da folia e se melam de lama em Maceió — Foto: Derek Gustavo/G1

Foliões de todas as idades participam da folia e se melam de lama em Maceió — Foto: Derek Gustavo/G1

 

G1

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