AZULÃO DO FORRÓ: uma lenda viva do Rádio nordestino

Carlos Augusto Barros Filho

Impossível para um cidadão se for realmente ligado à cultura e às artes não despertar, de segunda a sábado, às 4 da manhã para se deleitar com um programa de rádio chamado RETALHOS DO NORDESTE, sob a batuta de um dos “monstros sagrados” do Rádio brasileiro, nesse segmento, o tradicionalíssimo AZULÃO DO FORRÓ. Podem-se passar quase três horas ouvindo e adquirindo cultura pura, além de humor e informações diversas no que se refere às coisas populares, principalmente, nordestinas. São tão prazerosas essas horas, que nem sentimos que passam tão rapidamente. E quando o programa acaba, às vezes, dá vontade de já ir dormir de novo, para que acordemos às novas quatro da manhã, para que ele recomece.

Alimentar-se da cultura matinalmente, é como comer aquele cuscuz quentinho com leite tirado direto do peito da vaca, que de nem mistura precisa. No máximo, um ovo da gema quase vermelha da galinha de capoeira, que nem precisa de muita carreira; tá logo ali atrás no nosso terreiro. Assim é a invasão matinal bem-vinda em nossos lares e o prazer de escutar, com tanta gratidão, cada palavra doce e direta deste comunicador, que há décadas nos encanta com o seu celeiro incansável de cultura, humor e sensibilidade. Lembro-me, quando, ainda muito garoto, de ouvi-lo transmitir o consagrado programa radiofônico A HORA DO FAZENDEIRO, na Rádio Sampaio, onde permaneceu por mais de dez anos. E o velho e saudoso Gileno Sampaio, anos depois, eu trabalhando com o irmão dele, também saudoso Geraldo Sampaio, veio a me dizer que foi o maior apresentador daquele programa, do qual ele tanto se orgulha e que deteve, durante mais de 30 anos, a maior audiência em seu horário.

Ao lado desse mestre e professor do Rádio, Azulão do Forró, caminha seguindo os seus passos de talento e decência, o seu filho, radialista muito jovem e já reconhecido, Fagner Silva. Em nome de todos que fazem a Comunicação no mundo, obrigado Azulão, por tudo o que continua fazendo pela preservação do Rádio, da cultura popular e pela satisfação do povo nordestino.

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