Espuma em parede de alojamento do CT do Flamengo era antichamas

O relatório conclusivo da vistoria feita por autoridades nesta terça-feira (12) no CT do Flamengo, onde 10 atletas da base morreram em um incêndio, só vai ser divulgado na sexta-feira (15), uma semana depois da tragédia. Mas fontes ligadas à investigação ouvidas pelo Jornal Nacional afirmam que a espuma que revestia os contêineres do alojamento internamente era de um material antichamas.

A NHJ do Brasil, fabricante dos módulos do alojamento incendiado, já tinha informado que eles eram feitos com chapas de aço preenchidas por poliuretano injetado autoextinguível – ou seja, de material antichamas.

Especialistas, no entanto, dizem que há diferentes níveis de proteção antichamas e, por isso, a NHJ ainda deve uma explicação mais detalhada sobre o que usou nos contêineres, incluindo aí a data de validade do produto.

Nem a empresa nem o Flamengo divulgaram os nomes dos profissionais responsáveis pelo projeto. Não se sabe, por exemplo, se os contêineres foram originalmente criados para serem dormitórios.

Explosão

A polícia suspeita que o incêndio tenha sido mais grave por causa de um fenômeno chamado flashover: gases superaquecidos ficam confinados no alto, entre o topo da chama e o teto, e quando atingem uma temperatura muito elevada, entram em combustão e se expandem – essa expansão parece uma explosão.

Os jornalistas não puderam acompanhar a vistoria. Durante a inspeção, o time principal do Flamengo treinava normalmente pelo terceiro dia desde a tragédia no Ninho do Urubu, que já recebeu 31 multas por ausência de licença.

Só no início da noite, as autoridades se manifestaram, sem entrevistas. Divulgaram uma nota conjunta, informando que recolheram informações técnicas e que pediram documentos ao Flamengo.

A prefeitura do Rio decidiu interditar o CT, há mais de um ano, porque funciona sem alvará.

E o CT não tem alvará porque não conseguiu o certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros.

Na última vistoria, em novembro do ano passado, os bombeiros apontaram várias pendências no sistema de segurança contra incêndio. Nesta terça, o Corpo de Bombeiros notificou o CT do Flamengo para apresentação de um novo projeto de segurança contra incêndio e pânico e manutenção dos dispositivos existentes.

O alojamento onde os dez atletas do Flamengo morreram nunca foi vistoriado. Ele não estava nas plantas que o Flamengo apresentou à prefeitura. Na delegacia, a polícia tenta avançar na apuração do caso. Dez pessoas prestaram depoimento nesta quinta.

Internados

Dois atletas feridos continuam no hospital. O goleiro Francisco Dyogo ainda está no CTI, mas melhora a cada dia. Ele não precisa mais da máscara de oxigênio.

O zagueiro Jhonata Ventura já está acordado. Ele é a vítima que ficou em estado mais grave, com 35% do corpo queimados. Jhonata também segue no CTI. Outra boa notícia é que os ferimentos mostraram melhora.

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