Guardas terão que apresentar provas da liberação de jovem espancado e morto

Após o interrogatório dos guardas municipais do município de Branquinha, suspeitos de espancar e executar o jovem Wanderson Alves dos Santos, de 18 anos, o delegado responsável pelas investigações agora quer que os envolvidos apresentem provas que confirmem a versão deles sobre a soltura do jovem, que teria sido feita às 6h do dia seguinte em que ele aparece em um vídeo sendo espancado.

De acordo com o delegado Sidney Tenório, os guardas negaram o fato, alegando que fizeram a liberação do jovem normalmente, porém não apresentaram documentação ou testemunha que confirmasse a versão apresentada.

“Eles disseram que liberaram ele por volta das 6h da manhã, numa região conhecida como ‘vagem’ e que o liberaram sob a alegação de que ele ia para casa de uma tia. Ele teria dormido na sede da guarda, o que não poderia, já que eles não têm nenhum tipo de prisão formalizada. Nós pedimos qualquer tipo de documentação, ainda que fosse uma testemunha que tivesse assinado ou presenciado essa liberação”.

O delegado disse ainda que os guardas vão responder também por fraude processual, por terem induzido três testemunhas a mentir, afirmando que presenciaram a liberação de Wanderson.

Um mandado de prisão temporária foi representado pelo delegado de Murici, Sidney Tenório, e decretado pela juíza da cidade Emanuela Bianca Porangaba, que também responde pela cidade de Branquinha. Jaelson Ferreira da Silva, 25, e Carlos Roberto da Silva, 29, ficarão presos por 30 dias.

“No decorrer das investigações vamos decidir se pedimos à Justiça a conversão para a prisão preventiva e também se há a necessidade ou não de eles serem transferidos para o presídio”, disse o delegado.

Outras testemunhas devem ser ouvidas nos próximos dias, entre eles o coordenador da Guarda Municipal e o proprietário da arma calibre 12 que estava em posse dos guardas. “Delas, queremos saber se ele tinha o registro dessa arma que foi apreendida na sede da guarda”, afirmou Tenório.

O corpo da vítima se encontra no IML e nenhum dos familiares compareceu para fazer o reconhecimento. Testemunhas disseram que Wanderson possuía uma tatuagem em um dos braços, marca igual ao corpo em decomposição encontrado no lago. Esse fato pode ajudar na identificação.

Sobre a denúncia apresentada ao Ministério Público pelo Sindicato dos Guardas Municipais do Estado de Alagoas (Sindguarda/AL), acerca da contratação dos guardas municipais sem a realização de concurso público e a participação em cursos de formação, o delegado disse que o promotor da cidade vai abrir um procedimento administrativo para apurar o caso.

“Conforme o promotor falou, não existe uma guarda formal, nunca houve concurso público para Guarda Municipal de Branquinha, o que por si só já dá indícios de que eles eram pessoas que não tiveram preparação. Com certeza, posse de arma eles não têm”, finalizou.

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