Ibama afirma que situação da barragem da Cafurna apresenta maior risco de rompimento em todo o estado
Após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em Alagoas, a barragem da Cafurna, em Palmeira dos Índios, vem preocupando os moradores do município.
A barragem fica em uma mata onde vive a comunidade indígena Xukuri-Kariri. Segundo a prefeitura, a barragem foi construída há 70 anos e abasteceu a cidade até a década de 1970. Atualmente está desativada.
O Ibama, que é responsável pela fiscalização de barragens em terras indígenas, informou que a situação de Cafurna é a que apresenta maior risco de rompimento em todo o estado de Alagoas.
“O risco é para as comunidades que tão jusantes, né? Que tão abaixo da barragem, caso ela venha a romper, existem algumas casas, até mesmo pode acontecer ela atingir a cidade de Palmeira dos Índios de menor gravidade”, disse o chefe da divisão técnica do Ibama/AL, Rivaldo Couto.
De acordo com a Funai, cinco mil indígenas vivem na região. Na mata da Cafurna, onde fica a barragem, moram 150 famílias.
Apesar de não estar no Relatório de Segurança de Barragens 2017 da Agência Nacional de Águas (ANA) e nem de aparecer na lista de 26 barragens em Alagoas que, segundo o órgão, vão ter fiscalização priorizadas.
O cacique da Xukuri-Kariri, Cícero Santos, disse que é necessário que haja ajuda para resolver o problema. “É necessário a gente procurar os órgãos públicos, as pessoas que tenham condições de ajudar, pra que isso não venha a acontecer nem daqui há 10 anos e nem daqui a 100 anos”, falou o cacique.
A barragem fica na área rural, mas também preocupa quem está na cidade.
“Palmeira se localiza entre as serras, então é uma cidade que está num buraco”, disse o auxiliar administrativo Aristalco Souza.
O prefeito Julio Cezar, esclareceu em nota emitida nas redes sociais a determinação de medidas. “Para garantir a segurança das famílias palmeirenses e afastar qualquer tipo de ameaças ao município palmeirense. Também estou acionando vários órgãos como CREA, IBAMA, FUNAI, SEMARH, DEFESA CIVIL, entre outros, para ajudarem e emitirem laudos. O órgão responsável da Prefeitura de Palmeira, emitiu hoje seu primeiro laudo, assinado pelo especialista em barragens, engenheiro, José Antônio ex-funcionário do Dnocs na área de barragens”, disse.
Vale salientar que em 2009, o Ministério Público Federal recomendou que a Funai emitisse um laudo sobre a situação da barragem da Cafurna. Naquele ano, foram contratados engenheiros especializados em barragens, que encontraram rachaduras e fissuras. Em 2011, foram feitos os reparos e a barragem foi liberada para funcionamento, mas as licenças venceram em 2015. Desde 2015 a barragem está sem licença ambiental, de acordo com a Funai.
“Vamos tomar as medidas, no sentido de deslocar uma equipe técnica na área, fazer um relatório, um levantamento preciso da barragem e conduzir esse aos órgãos, à coordenação superior, com intuito da gente sanar qualquer eventualidade que esteja ocorrendo”, disse o coordenador regional da Funai, Rodrigo Lins.
Apesar do risco anunciado pelo Ibama, equipes de engenharia e da Defesa Civil de Palmeira dos Índios garantem que está tudo sob controle.
“O problema dela agora ela tá com um vazamento aqui embaixo, do lado esquerdo do paredão, mas que não tem risco nenhum da barragem estourar”, disse o secretário da Defesa Civil de Palmeira dos Índios, Flávio Emílio.
Barragem da Cafurna fica em Palmeira dos Índios, AL, nas terras da comunidade indígena Xukuru-Kariri — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Fonte: Redação com G1