Em Maribondo, crianças com deficiência da APAE publicam livro
A iniciativa que partiu da pedagoga Ligiane Araujo, tinha como objetivo Proporcionar momentos de prazer através da contação de histórias e da leitura, ampliando vocabulário e a organização de pensamentos.
No conceito popular, escrever e ilustrar um livro são tarefas destinadas exclusivamente para intelectuais e pessoas com alto nível cultural. Experiências, no entanto, refutam o senso comum e mostram que crianças e jovens têm todos os recursos para passar para o papel as histórias criadas por eles mesmos ou recontar as histórias que ouvem de outras pessoas.
Tomando como base a história “Menina bonita do laço de fita” de Ana Maria Machado, as crianças especiais que frequentam a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Maribondo (APAE) resgataram o aspecto da imaginação e criatividade da menina de inventar histórias, além de levar em consideração as nossas diferenças como pessoas, pois a história traz que as nossas características vêm dos nossos parentes e recita a avó da menina como “responsável” pela sua cor negra e linda.
Desse modo, foi proposto para as crianças conhecerem melhor a história das avós para reconta-las e ainda histórias infantis que estas as contassem. Assim desfrutariam dos momentos felizes ao escutarem as histórias da vovó, poderiam despertar seu interesse em recontar de forma escrita ou desenhada.
O livro intitulado “recontando histórias da vovó” tem o formato de E-book, ou seja é um livro de suporte eletrônico para distribuição na internet e foi produzido pela própria APAE, publicado no dia de hoje 13 de dezembro. As crianças que participaram do livro possuem diversos quadros neurológicos, incluindo o TEA e Síndrome de Down. O mesmo também contou com a participação da estagiária Maria Karolynne, que incentivou nessa produção magnífica. Conforme a pedagoga Ligiane confrontar realidade e fantasia; aguçar o prazer pela leitura; desenvolver a linguagem oral e a capacidade de ouvir; organizar ideias e pensamentos; ampliar o vocabulário; e estimular a criatividade escrita e artística, foram as principais habilidades trabalhadas com as crianças, uma vez que seus quadros clínicos configuram dificuldades adaptativas que refletem na interação social, funções executivas como atenção, planejamento, controle inibitório e até mesmo a discriminação social.
A Literatura Infantil é um produto cultural da sociedade contemporânea que oferece à criança um meio de educá-la através de fábulas ou narrativas. Essa aproximação às histórias e contos infantis é pertinente para desenvolver na criança o senso crítico através do lúdico.
No decorrer da produção desse trabalho foi muito gratificante poder observar a alegria das crianças em tornarem-se “pequenos” escritores, podendo recontar histórias das vovós, por meio da escrita ou dos desenhos.
Diante desse contexto de realização, obtive um sentimento de realização de um sonho antigo de poder contribuir com a escrita de um livro, livro escrito por pessoas com capacidades e vivências diferentes, é ainda mais gratificante. Acompanhar o desenvolvimento dessas crianças é magnifico, ouvir deles a expressão: você acreditou em mim, é extraordinário”, disse a Pedagoga Ligiane Araújo, atuante desde a inauguração da instituição.
Vale ressaltar que a instituição funciona há mais de um ano na cidade de Maribondo, localizada a 64km de Maceió, com pouco mais de 13mil habitantes e faz atendimentos com profissionais como fisioterapia, terapia ocupacional, pedagogia, serviço social e psicologia, atendendo mais de 50 pacientes em um único dia.