Polícia acha lixo hospitalar em fazenda da família de deputado
Depois de descobrir galpão com lixo hospitalar, policiais encontram ainda mais resíduos enterrados em fazenda da família de um deputado estadual. Eleito no Tocantins, Olynto Neto (PSDB) ainda não se pronunciou, mas para a Polícia Civil não há duvidas da ligação com o parlamentar. Ao ser revirada a terra, por baixo haviam frascos de remédios, seringas, luvas e até agulhas.
A polícia acredita que a família tentou “limpar a área e se desfazer da materialidade do crime”.
O lixo estava enterrado na entrada da propriedade, a cerca de 300 metros da BR-153. Além da Polícia Civil, peritos e equipes do Naturatins estão no local. O trabalho de perícia e de escavação deve durar a tarde inteira. (Veja o vídeo)
O G1 entrou em contato com a assessoria do deputado e aguarda um posicionamento.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, a fiscalização ocorreu após denúncias de que parte do material encontrado no galpão havia sido transportado para essa fazenda. “Isso comprova, que houve uma tentativa de retirada desse material após a primeira ação de fiscalização”, informou.
Ainda segundo o delegado, “mais uma vez há uma vinculação da família Olinto com o caso, considerando que essa fazenda também pertence a família, assim como o depósito. É uma tentativa de limpar a área e desafazer da materialidade do crime, trazendo pra uma outra propriedade da mesma família”, informou.
Entenda
A polêmica envolvendo o lixo hospitalar começou quando um galpão foi encontrado com quase 200 toneladas de resíduos. No galpão deveriam funcionar duas empresas cadastradas no nome do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB), filho de João Olinto. O parlamentar negou envolvimento.
Segundo a Polícia Civil, a empresa que fazia a coleta dos resíduos é do ex-juiz eleitoral João Olinto, que é pai do deputado. Ele e duas sócias da firma Sancil Sanantonio tiveram a prisão decretada e são considerados foragidos.
Duas pessoas foram intimadas pela 4ª Delegacia de Polícia de Araguaína, responsável pelas investigações, para prestar depoimento nesta segunda-feira (19), mas não compareceram. O delegado Romeu Fernandes informou que deve fazer a condução destas testemunhas durante a semana.
Já estão previstos para a próxima semana, depoimentos dos fiscais da vigilância sanitária e da defesa civil que fizeram o flagrante do lixo. Até o momento, apenas o vigia do galpão e o frentista do posto de combustíveis, onde um caminhão com lixo hospitalar foi encontrado, foram ouvidos.
Investigação
O ex-juiz eleitoral teve a prisão decretada e é considerado foragido. Segundo a Polícia Civil, ele seria dono da empresa Sancil Sanantonio Construtora e Incorporadora LTDA, contratada pelo governo sem licitação para recolher o lixo de 13 hospitais do estado. Duas mulheres que aparecem como sócias da firma também tiveram a prisão decretada.
“Ele tinha a função de coordenar os trabalhos da Sancil por interpostas pessoas. Ele não constava na relação de sócios da empresa, mas ele utilizou de duas funcionárias do escritório de advocacia para o fim de constituir essa empresa”, relatou o delegado Bruno Boaventura.
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o ex-juiz eleitoral impedindo a entrada de fiscais da Prefeitura de Araguaína no galpão no distrito agroindustrial da cidade.
Conforme a Polícia Civil, o lixo encontrado no galpão saiu do Hospital Regional de Araguaína e de outros hospitais estaduais. Após o escândalo, o secretário de Saúde do Tocantins, Renato Jayme, reconheceu que a empresa não tinha capacidade técnica para o trabalho.