‘Eles estão mentindo’, diz delegado do caso Daniel sobre família Brittes
O delegado da Polícia Civil responsável pelo ‘caso Daniel’, Amadeu Trevisan, afirmou que a família Brittes será indiciada por homicídio qualificado e coação de testemunhas nesta terça-fera, 06. De acordo com Amadeu, eles teriam mentido em seus depoimentos.
Segundo Trevisan, mãe e filha teriam combinado uma versão com o Edison Brittes Júnior, suspeito de ter matado o jogador Daniel, marido de Cristiana e pai de Allana.
As duas foram ouvidas pela polícia na segunda-feira, 05. Edison teve seu depoimento adiado, mas confirmou ter matado o jogador em entrevista a RPC. O homem afirmou ter agido sob “fortes emoções” quando viu Daniel deitado com sua esposa, alegando que ele teria tentado estupra-la.
O delegado acredita que o crime está esclarecido. “Já conseguimos reconstruir tudo que aconteceu na casa no dia do assassinato. Vamos ouvir mais algumas testemunhas hoje e teremos o depoimento do Edison amanhã”, explicou Trevisan.
O que dizem os suspeitos
David e Igor dizem que estavam na casa da família Brittes quando ouviram uma gritaria vinda do quarto de Cristiana, a esposa de Juninho. Eles afirmam que os convidados da festa se indignaram quando souberam que Daniel havia tentado estuprar a mãe de Allana. Os amigos de colégio da aniversariante dizem que não participaram das agressões.
“Eles são bons meninos, estudantes sem passagem pela polícia e estão absolutamente em choque com tudo isso”, afirmou Domacoski. “A todo momento eles pediam calma, diziam que Daniel já tinha tido o suficiente.”
Mesmo querendo evitar o espancamento (segundo sua versão), David e Igor aceitaram entrar no Veloster preto de Juninho, quando o pai de Allana colocou o jogador praticamente desfalecido no porta-malas.
“A primeira ideia não era matar o Daniel”, afirmou o advogado Domacoski. “A ideia era largá-lo sem roupa na rua para passar vergonha. Alguém teve a ideia de deixá-lo na BR sem roupa. Mas no meio do caminho, o celular do Daniel, que estava no banco da frente, tocou, e o Edison, o assassino, pegou o celular e viu as imagens”, afirmou o defensor, em referência às fotos em que Daniel aparece na cama da esposa Cristiana. “Aí que o Edson perdeu a cabeça e tomou outro rumo.”
De acordo com o advogado, seus clientes tentaram dissuadir Juninho de matar Daniel: “Eles ficavam dizendo: ‘Não faz isso, vai estragar sua vida!’ Quando ele desceu do carro, o David tentou evitar o pior, mas foi ameaçado. O Edison disse: ‘Não se meta se não vai sobrar pra vocês’. Aí eles ficaram apavorados, entraram em choque.”
Domacoski afirmou que seus clientes não viram o momento em que Daniel foi morto e também não viram a faca que Juninho teria usado para cometer o crime. O corpo de Daniel foi encontrado horas depois, sem pênis e parcialmente degolado.
“Eles não presenciaram”, disse o defensor. “Estavam dentro do carro, não chegaram a ver, só ouviam o resmungo.”
Segundo o advogado, David foi o primeiro “paquerinha” de Allana nos tempos do colégio. Eles teriam se reaproximado há apenas duas semanas. O defensor ressaltou que seus clientes conheciam Juninho havia pouco tempo.
O delegado Amadeu Trevisan deve ouvir o depoimento de David e Igor na quinta. Advogados envolvidos na investigação já preveem que eles devem ser presos logo em seguida, possibilidade com a qual conta a defesa.
Na segunda-feira, Cristiana Brittes, a mãe, e Allana, a filha, foram ouvidas. Os depoimentos corroboram a versão de Júnior de que ele teria matado Daniel depois de descobrir que ele tentava estuprar sua esposa.
A família de Daniel nega essa tese.
Contradições no discurso da família marcam caso
As versões da família Brittes para os fatos que levaram à morte de Daniel são marcadas por contradições. Na segunda à noite, vieram à tona gravações de conversas de Juninho com um amigo de Daniel, nas quais o suspeito, antes de confessar o crime, nega que ele tenha acontecido.
Em conversas de WhatsApp entre Allana e a família de Daniel, a garota também negava qualquer anormalidade em sua festa de aniversário. Segundo seu depoimento, ela mentiu a mando do pai.
De acordo com Claudio Dalledone Júnior, que defende a família, os discursos contraditórios são justificáveis pelo desespero que tomou conta da família depois da morte de Daniel.
Fonte: Com informações da RPC e UOL Esporte