Candidato do presidente Michel Temer à presidência da República, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) revela que suas posições liberais não se restringem à economia. O emedebista assume bandeiras que coincidem com as erguidas por partidos de esquerda e contrariam as defendidas por partidos de centro e direita. Em entrevista à revista IstoÉ, Meirelles promete liberar a maconha caso seja eleito e admite a possibilidade de ampliar o leque das hipóteses de aborto legal no país. Ele também diz ser favorável ao casamento gay e contra a redução da maioridade penal. As declarações do ex-ministro não coincidem com as dos evangélicos, de cujo eleitorado ele tem se aproximado nos últimos meses.
Embora tenha ressaltado que é contra o aborto, o pré-candidato entende que adolescentes que tiveram gravidez indesejada devem ter o direito de interromper a gestação, o que é proibido pelas leis brasileiras.
“Pessoalmente não sou favorável em um casamento ou namoro, no entanto, é algo que as pessoas têm o direito de fazer em situações dramáticas, como as de estupro ou de gravidez na adolescência. A lei tem que garantir esse direito.” Atualmente o aborto só é autorizado no Brasil em três casos: risco de morte para a mãe, estupro e anencefalia.
O presidenciável afirma que apoia o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo. “É um direito individual. Se as pessoas estão juntas e querem proteger o patrimônio, elas têm esse direito.”
Uma das principais bandeiras do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), a redução da maioridade penal, fixada hoje em 18 anos, é antídoto contra a violência rejeitado por Meirelles. “Acho que não resolve nada pois apenas superlotaremos as prisões brasileiras. A questão da criminalidade adolescente é um problema sério. Temos de dar condições para que os jovens não entrem no crime. Os jovens precisam de escola e emprego.”
Na entrevista, Meirelles diz que não rompeu com o ex-presidente Lula, preso em Curitiba, e que receberia com prazer um eventual apoio do petista. “Não rompi com o ex-presidente Lula. Se ele quiser nos apoiar, levando em conta todas as propostas que temos e tudo o que discutimos, o apoio do ex-presidente é perfeitamente bem-vindo.”
Meirelles, porém, evitou comentar a decisão da Justiça de prender o ex-presidente após condenação na Lava Jato. “Essa foi uma decisão da Justiça. Tenho por norma respeitar e não julgar o trabalho da Justiça. Não me compete. O Brasil tem um sistema judiciário competente e independente, representado pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.”