Maus políticos e péssimos eleitores: “farinha do mesmo saco”
Carlos Augusto Barros Filho
Até mesmo nós que trabalhamos há tantos anos com comunicação, informação e as mais duras realidades, chegamos
a perder a paciência e, às vezes, a própria linha, menos a ética.
Ora vejam, vivemos em um país no qual, quem pelo menos tem certo discernimento, e até sofre na pele, morre de desonra e de vergonha de si mesmo. Talvez nem adiantasse citar mais uma das milhões de vezes que lembramos o inesquecível Rui Barbosa, se é que a maioria absoluta dos brasileiros sabe quem foi.
Mas, eu vou novamente reproduzir, pois essas sábias palavras serão sempre atuais para um povo que não se dá o seu próprio valor e respeito: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
E com, talvez, a aquiescência de um dos maiores gênios da nossa língua, eu complementaria ainda: “vergonha de ser brasileiro e de ainda viver aqui, obrigatoriamente, sob a égide de homens e de poderes podres e fétidos”.
Um povo, de tão linda história e cultura, a cada dia, a cada ano, a cada década, a cada século, vai perdendo aos poucos a sua verdadeira identidade. Não busca, com as forças que lhe são inerentes, internacional e historicamente, resgatar o heroísmo que lhe é peculiar. Não é sobre dinheiro, não é sobre prestígio, não é sobre classe, é simplesmente sobre ter uma identidade. A identidade de interesses justos e honestos é o mais seguro dos vínculos, seja entre Estados, seja entre indivíduos. Vale salientar, inclusive, que o substantivo ou adjetivo “caráter” não é para quem quer, mas sim, para quem o tem natural ou culturalmente.
Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder. Quem não estiver destinado a lutar pela vida com decência, trabalho e determinação, ficará como um barco a deriva no meio do oceano. E estamos nós, brasileiros, entregues “às baratas” e aos “ratos” desonestos que nos governam e decidem nossos destinos.
Um povo que se acomoda e se submete a viver de “esmolas”, sem ao menos contestar, protestar ou reagir, realmente merece os governantes que se lhes apresentam. O povo brasileiro tem a fama de acolhedor, festeiro e simpático, porém, tem também a gozação internacional de ser um povo preguiçoso e comodista.
E a maioria não abre, nem a boca nem o coração, para admitir que os verdadeiros ladrões, assaltantes e bandidos são a maioria dos políticos brasileiros, cujos cúmplices são os seus eleitores, que, mesmo diante de tanto acesso a todo tipo de informação, continuam mantendo essa parceria vergonhosa: POLÍTICO CORRUPTO/ELEITOR VENDIDO, que só destrói e desmoraliza a nação.
E o que mais assusta é o fato de que muitos dos que se dizem letrados, informados e esclarecidos, compactuam com essa “nojeira” toda. Certamente são estes também alguns dos maiores culpados da decadência e degradação, cada vez mais acelerada, da história política e social desse miserável Brasil.