Dólar sobe e chega a R$ 3,96, mesmo após BC reforçar atuação no câmbio
O dólar continua a subir em relação ao real nesta quinta-feira (7) e chegou a operar acima de R$ 3,96, mesmo após o Banco Central reforçar a intervenção extraordinária no câmbio mais cedo. Os investidores seguem cautelosos diante das incertezas nos quadros fiscal e político.
Às 15h59, a moeda norte-americana tinha valorização de 1,63%, a R$ 3,9028. Na máxima do dia, alcançou R$ 3,9674. O dólar comercial não ultrapassava este patamar desde março de 2016.
O dólar turismo era cotado a R$ 4,0808.
Em casas de câmbio consultadas pelo G1, já acrescido do imposto sobre operações financeiras (IOF), o dólar já é negociado entre R$ 4,08 e R$ 4,16. No cartão pré-pago, os valores variam entre R$ 4,30 e R$ 4,35.
Veja as cotações:
- Vip’s Corretora de Câmbio: R$ 4,08 em espécie e R$ 4,31 no cartão pré-pago
- Treviso: R$ 4,16 em espécie e R$ 4,35 no cartão pré-pago
- Get Money: R$ 4,16 em espécie e R$ 4,30 no cartão pré-pago
Preocupações no cenário doméstico
A greve dos caminhoneiros elevou as preocupações com a deterioração do quadro fiscal do Brasil, com a redução do preço do diesel gerando impacto bilionário sobre as contas do governo, destaca a Reuters.
“Estamos vendo um pequeno ataque especulativo ao Brasil via câmbio, mas acredito que é perfeitamente contornável”, afirmou o sócio-gestor da gestora Leme Investimentos, Paulo Petrassi, segundo a agência.
“A Anfavea divulgou ontem que 25 mil carros deixaram de ser entregues devido à greve dos caminhoneiros e o mercado passou a ter certeza que o PIB do segundo trimestre vem pior do que o esperado. E hoje de manhã foi divulgado o IGP-DI, pela FGV, que mostrou uma inflação de 1,64% em maio, forte devido a vários fatores como a paralisação e a desvalorização do real”, afirmou o economista Alexandre Cabral.
Além disso, pesquisas eleitorais têm mostrado dificuldade dos candidatos que o mercado considera como mais comprometidos com ajustes fiscais de ganhar tração na corrida presidencial.
Na véspera, a moeda subiu 0,72%, a R$ 3,8371 na venda.
Intervenção do BC
Com a alta do dólar, o BC vem atuando com mais força nos mercados e, nesta sessão, anunciou que vendeu integralmente a oferta de até 40 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.
Mais cedo, o BC já havia vendido integralmente outro lote de até 15 mil novos swaps, injetando com esses dois leilões US$ 6,866 bilhões neste mês no mercado.
O BC também ofertará até 8.800 swaps para rolagem do vencimento de julho. Se mantiver esse volume até o final do mês, rolará integralmente o volume de US$ 8,762 bilhões.
Mercado de títulos também está pressionado
O Tesouro Nacional decidiu reforçar sua intervenção na renda fixa. A instituição realiza nesta quinta-feira e sexta-feira leilões de compra e venda de títulos públicos prefixados (NTN-F).
Devido à volatilidade nas taxas de juros dos títulos, o Tesouro Direto informou que suspendeu as negociações às 12h40. A expectativa é de normalização na sexta-feira, por volta das 9h30.
Já o BC atua nesta quinta-feira com operações compromissadas com prazo mais longo, de nove meses, no qual serão envolvidos LTN, NTN-B e NTN-F. Especialistas ouvidos pelo G1 avaliam que a medida é um movimento claro de tentar acalmar o mercado financeiro.