Fã de Safadão e de looks caprichados, Firmino sai de Maceió para a Rússia
Jornal Nacional
Na série especial de reportagens sobre os jogadores do Brasil na Copa, Tino Marcos apresenta Roberto Firmino.
Fica entre a Lagoa Mundaú e o Oceano Atlântico: um pedaço de Maceió chamado Trapiche.
“Muito humilde o bairro, muito perigoso também”, conta Firmino.
O Trapiche segue entre os bairros mais violentos de Maceió. O seu Bel, o daddy, que hoje anda vestido de Liverpool por aí, criou o filho movido a bicicleta e disposição.
“Já era ambulante, vendendo, trabalhando, vendia no interior também, em Maceió, nas casas de show, nas boates”, diz seu Bel.
O filho? Pedalava não. A viagem mais desejada terminava pouco além do fim da rua. Um dia, quem sabe, fazer parte daquilo.
O estádio Rei Pelé, o maior palco do futebol alagoano.
“Quando eu ia dormir, aí tinha jogo, dava para escutar o barulho dos torcedores. Eu só queria saber de bola, dormia com a bola”, conta Firmino.
E lá vinham sonos de bons sonhos. E se era para botar em prática o plano de chegar lá, era preciso jogar bola.
“Energia pura. Eu achava que aquele menino era hiperativo. Ele vive bola, ele respira bola”, afirma a mãe Mariana.
O Trapiche era um convite aos meninos a dias inteiros de bola, desde que sua mãe não fosse da espécie canguru.
“Nasci para ser uma mãe canguru, por mim eu carregava meus filhos sempre comigo”, diz Mariana.
E cadê que conseguia?
“Quando eu não deixava ele sair, ele pulava o muro”.
Registrado e chamado Roberto. Poderia não ser tão simples.
“Minha mãe queria colocar meu nome acho de Robert Richards”.
Firmino, sempre Firmino. Homenagem ao avô. O menino do Trapiche seria famoso um dia.
O plano de chegar ao Rei Pelé chegou cedo. Firmino virou jogador da base do CRB, o time de coração da família.
O garoto do Trapiche chegou rápido aos profissionais do Figueirense, e ganhou o prêmio de revelação da Série B, na classificação do time à primeira divisão.
Dona Mariana ficou um ano e meio sem ver roberto. O menino tinha ido de vez, não voltaria mais a viver no Trapiche.
Era ainda lua de mel com o Figueirense, quando veio a proposta da Alemanha. Firmino foi jogar no Hoffenfeim. Tinha 19 anos. Quatro anos depois, Liverpool.
Pela Seleção, são seis gols em 20 jogos e um dos mais especiais, para a alegria da família, foi no Nordeste.
“Em Natal, foi quando ele se vestiu de Safadão, botou a cabeleira de Safadão”, conta seu Bel.
É fácil entender. Ele é muito fã do Wesley Safadão.
Brasil e Bolívia, pelas eliminatórias, na hora do gol todo mundo gritou “Vai Safadão”.
E haveria realização maior para ele?
“Eu sou pirado por música”, conta Firmino.
“Em casa a gente sabe quando ele está, porque se ele estiver sempre tem música”, confirma a esposa Larissa.
A faceta mais visível de Roberto Firmino é de fato bem visível.
“Acredita que meu filho é que faz o look dele? Ele vai para o closet dele e, quando sai, já é aquilo surpreendente”, dia Mariana.
“Eu sempre monto meus looks”, confessa Firmino.
E o mais valioso.
“Por dentro, ele é uma pessoa maravilhosa”, diz a irmã Roberta.
Se enquanto canta, sorri; e quando fala, idem; e tocando também, fazendo gol, então…
O menino do Trapiche chegou lá. A Copa do Mundo. Uma conquista tão clara como o sorriso de Roberto Firmino.