Caso Franciellen: acusados vão a júri nesta quarta-feira
Está marcado para as 8h desta quarta-feira (23), no Fórum da Capital, no Barro Duro, o júri popular dos acusados de envolvimento na morte da jovem grávida Franciellen Araújo Rocha, 18, em 14 de fevereiro de 2013. A previsão do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) é de que o julgamento dure mais de um dia.
Vanessa Ingrid da Luz Souza, Thiago Handerson Oliveira Santos, Saulo José Pacheco de Araújo e Victor Uchôa Cavalcanti estão presos e são acusados de homicídio triplamente qualificado, por torturar e queimar a vítima ainda viva. Nayara da Silva também vai a julgamento, mas somente pelo crime de tortura. Ela é a única acusada que responde ao processo em liberdade.
De acordo com a denúncia, Vanessa Ingrid teria planejado a morte de Franciellen por causa de ciúmes de Genilson dos Santos, o Ninho do Zé Tenório, namorado da ré à época. Para dar início ao seu plano, ela teria convidado algumas pessoas para uma festa em seu apartamento. No local, questionou uma adolescente sobre um suposto relacionamento com seu parceiro. A menor negou e apontou Franciellen como a pessoa que mantinha relação com Ninho.
A promotoria sustenta que, por ordem de Vanessa, Franciellen foi levada ao apartamento, onde sofreu uma série de espancamento e desmaiou. De lá, os criminosos a levaram para um matagal, imobilizaram-na, jogaram gasolina nela e atearam fogo.
Ainda segundo a acusação, Thiago Santos teria sido a pessoa que recepcionou a vítima no apartamento. Atingida por ele com um murro no rosto, Franciellen caiu no chão e foi arrastada até o quarto onde se iniciou o espancamento por mais de duas horas. O trajeto do apartamento até o local onde ela foi queimada viva foi feito no carro de Saulo Araújo. Já Victor Cavalcanti foi quem ajudou a imobilizá-la com fitas adesivas, nos braços e nas pernas.
O advogado de Vanessa Ingrid, Leonardo Gamito Ribeiro, disse que a vítima participou de uma festa no apartamento da acusada, mas que a sua cliente não teve participação no homicídio.
“Ela [Vanessa], assim como todos os que estavam no apartamento, participou das agressões, mas não matou a vítima. Ela é apontada como a mandante porque ela era a dona da festa, mas ela não matou a Franciellen. Não há provas suficientes disso”, afirma o advogado.
Os outros réus são acusados de participação no crime, direta ou indiretamente.
O advogado Leonardo de Moraes, que defende Saulo Araújo, disse que o cliente não participou da tortura nem da morte de Franciellen. “Ele estava na festa, mas saiu porque era aniversário do irmão dele. A Vanessa ligou para ele pegar todos no apartamento. Ele seguiu até o bairro da Serraria. Todos desceram [do carro], menos ele. Minutos depois, ele viu as chamas e os réus correndo”.
Segundo Moraes, a polícia chegou até Saulo pela placa do carro, através das câmeras de segurança. “A polícia tinha o contato do Saulo porque já investigava a amorte do pai dele. Através do Saulo que a polícia chegou até os acusados, ele foi a peça fundamental”.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos demais acusados.
Durante a acareação na fase do inquérito policial, ainda em 2015, os réus entraram em contradição diversas vezes. De acordo com o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP-AL), não restam dúvidas sobre a participação de cada um na morte da jovem.