Maduro vence eleição em meio a acusações de manipulção do pleito e boicote da oposição
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi reeleito no domingo em uma eleição marcada por acusações de manipulação, fraude eleitoral e um boicote da oposição.
O candidato opositor Henri Falcón acusou o governo de influenciar a votação através do Carnê da Pátria, documento que permite que os venezuelanos recolham benefícios do governo e usem os serviços públicos.
Funcionários do governo escanearam os cartões próximo aos pontos de votação – o presidente prometeu que quem votasse no domingo teria direito a um benefício extra concedido pelo governo.
A oposição acusa o governo de compra de votos. O país está vivendo uma das piores crises da sua história, com escassez de produtos e hiperinflação, e os venezuelanos passaram a depender fortemente da assistência governamental.
O governo continua afirmando que as eleições são “livre e justas”, mas a maior parte da oposição boicotou o pleito. Com muitos candidatos-não governistas impossibilitados de concorrer ou presos, a oposição diz que o atual processo não tem legitimidade e que há indícios para desconfiar de fraude eleitoral.
Diversos países, incluindo os Estados Unidos e a Argentina, já disseram que não vão reconhecer o resultado dessas eleições.
Boicote
A eleição, que estava prevista para acontecer só em dezembro de 2018, foi adiantada pela Assembleia Nacional Constituinte – órgão composto por apoiadores de Maduro e que assumiu os poderes do Legislativo no país.
O pleito teve baixo comparecimento, com 54% dos eleitores ausentes. Na última eleição presidencial, em 2013, o comparecimento às urnas havia chegado a 80%.
A oposição está dividida. Seus dois principais candidatos foram impedidos de concorrer e outros fugiram do país.
O pleito de domingo teve apenas candidatos minoritários. Falcón era visto como a única alternativa viável à Maduro, mas obteve apenas 21% dos votos, contra 68% para Maduro, segundo os dados oficiais.
Falcón, que foi governador durante o mandato do presidente Hugo Chávez, veio do mesmo partido de Maduro, mas saiu em 2010 para se juntar à oposição.

Falcón havia afirmado que o único jeito de derrotar Maduro seria através de eleições e que por isso concorreu apesar do boicote.
Outros opositores o acusaram de dar legitimidade a uma eleição injusta.
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A crise
As eleições acontecem em um momento em que a Venezuela sofre uma grave crise política, econômica e humanitária.
A recessão tem aumentado cada dia mais, fazendo com que haja escassez de produtos básicos, de comida à remédios.
Em algumas partes do país, 70% das crianças estão desnutridas. A moeda sofre uma hiperinflação a ponto de faltar dinheiro impresso no banco.
Os problemas geraram também uma crise migratória. Centenas de venezuelanos têm migrado para países vizinhos. A onda migratória vai principalmente para a Colômbia, mas também atinge o Brasil.