Sargento denuncia tenente por assédio sexual no Exército em Juiz de Fora
Uma sargento, que teve a identidade preservada, denunciou os superiores por assédio sexual dentro do 4º Departamento de Suprimentos (Dsup) do Exército em Juiz de Fora. Segundo ela, o caso teve início em 2016 e partiu de um tenente. De acordo com o advogado da sargento, José Carlos Stephan, foi aberto um inquérito na Justiça Militar para apurar o caso e, enquanto o processo está andamento, ele segue trabalhando.
Através de nota, o Exército afirmou que quando teve conhecimento do caso pelo advogado da sargento informou à 4ª Região Militar em Belo Horizonte a situação e que na época já estava em curso um procedimento administrativo para apuração dos fatos. Ainda conforme o texto, o assunto foi encaminhado para a Justiça Militar. O Exército também declarou que não compactua com qualquer conduta indigna dos integrantes.
Denúncia
“Eu estava sempre no armazém conferindo mercadoria e quando entrava na sessão dele para pegar alguma via ou algum empenho ele me tocava sem a minha autorização. Dava tapa no meu bumbum, dizia que eu gostava, que sabia que eu gostava e queria mais”, denunciou a sargento.
De acordo com a oficial, o assédio foi feito pessoalmente e depois seguiu acontecendo também virtualmente através das redes sociais. A sargento alegou ter aceitado manter o contato para consolidar provas de que ela era assediada e, nas conversas, disse que ele se insinuava e ela negava ter vontade de estabelecer relacionamento.
Para solucionar o caso, a denunciante decidiu recorrer à Justiça. Para isso procurou ajuda de um advogado especialista em Direito Militar. O profissional, no entanto, não foi reconhecido pelo Exército como representante legal da denunciante. Mesmo assim, a instituição abriu uma sindicância e concluiu que o assédio sexual ocorreu.
Afastamento
Com o andamento do processo, a sargento alega que começou a receber punições dentro do quartel. Com depressão, a militar conseguiu se afastar com licença médica de 60 dias. Mesmo assim, a sargento disse ao MGTV que era obrigada a se apresentar pelo menos uma vez por semana, sob o risco de ser presa em caso de descumprimento.
“Hoje eu entendo porque muitas mulheres são estupradas e não denunciam, são agredidas e não denunciam, porque eu tenho o tempo inteiro que provar que eu sou uma pessoa decente e que não merecia aquilo, como se o simples fato de eu dizer ?não?, não bastasse”, completou.