Investigações sobre as 39 mortes monitoradas em Alagoas ainda não levaram a nenhuma prisão

Dois meses depois das 39 mortes violentas ocorridas em Alagoas no final de agosto, as investigações ainda não levaram a nenhuma prisão. Em alguns casos, os inquéritos até foram concluídos e os autores, identificados.

A maioria dos casos teve como vítimas homens com idades entre 15 e 27 anos. 14 mortes foram na capital, 4 na Região Metropolitana e o restante em cidades de outras regiões do estado.

Em 12 homicídios, os assassinos não foram identificados. 24 tiveram a autoria apontada na investigação. Os outos três casos foram classificados pela polícia como suicídios.

Ao ser questionada sobre o tempo das investigações, a direção da Polícia Civil disse que há casos que apresentam mais facilidades para elucidação porque há testemunhas e parentes que colaboram, como também maiores vestígios e até filmagens. Porém, há outros casos que exigem uma dificuldade maior, pela carência da prova ou indícios para esclarecimento da autoria.

O coordenador da delegacia de Homicídios, o delegado Fábio Costa, disse que os casos possuem condições de investigações diferentes, o que impede a determinação de um prazo médio para conclusão do inquérito e prisão dos envolvidos.

“Não há um tempo específico para conclusão das investigações. Depende do caso. Geralmente leva-se de um a dois anos para a prisão dos indivíduos, que são indiciados e ficam com o mandado de prisão em aberto. No entanto, o que ocorre, é que enquanto não são presos, eles mudam a localidade que estavam no momento do crime em tentativa de fuga. Assim, é normal alguns crimes apresentarem um tempo maior para o esclarecimento”, falou Costa.

Homicídios

Um dos homicídios aconteceu no Benedito Bentes. O atentado deixou dois mortos e um ferido. O delegado responsável pelo caso, Bruno Emílio, diz que já pediu à Justiça a prisão de três pessoas e que agora aguarda apenas a expedição dos mandados.

Neste caso, morreram Thanydia Milena Costa da Silva, 21, e Jonnathan Kleverton Silva de Oliveira, 24. Uma outra pessoa ficou ferida. Segundo as investigações, o alvo era Oliveira. A jovem morreu porque foi usada como escudo.

A família dela, com medo, foi embora para uma cidade do interior. Os familiares de Oliveira moram em outro bairro, e não quiseram dar entrevista.

“Ele [Jonnathan Oliveira] já era bastante procurado pela polícia, tinha envolvimento em homicídios e tráfico de drogas. Ele se envolveu em um homicídio ocorrido em julho, no Cidade Sorriso, por isso ele vinha sendo perseguido por outros integrantes da mesma facção”, esclareceu o delegado em entrevista ao G1 (veja no vídeo acima).

Outro caso em que há suspeito identificado, mas ainda assim não houve prisão é o da morte de Klinsmann Herbertt Alves da Silva, 24. Ele foi morto 20 dias depois do assassinato do pai dele, o sargento da Reserva da Polícia Militar Valdir José da Silva.

G1 tentou por mais de uma semana falar com a delegada responsável pelo caso, Rosimeire Vieira, mas não conseguiu. Agentes da delegacia informaram que há a suspeita de que os crimes estejam relacionados.

A reportagem localizou a mãe de Klinsmann, mas ela se negou a dar entrevista. Na região onde o crime aconteceu, no Vergel do Lago, ainda vale a lei do silêncio, imposta pelo medo.

Marcos Daniel Ferreira Silva (Foto: Arquivo pessoal)Marcos Daniel Ferreira Silva (Foto: Arquivo pessoal)

Marcos Daniel Ferreira Silva (Foto: Arquivo pessoal)

O homicído de Marcos Daniel Ferreira Silva, 24, entrou nos registros da Polícia Civil como latrocínio (roubo seguido de morte), já que testemunhas relataram que o criminoso anunciou o assalto antes de atirar, mas moradores dizem que na verdade o que houve foi uma execução.

O crime também aconteceu no Vergel, e assim como no caso do filho do militar, os parentes de Marcos Silva também não quiseram dar entrevista. A polícia diz já ter identificado um suspeito, e aguarda apenas o mandado judicial para expedir a prisão.

As informações foram conseguidas, em sua maioria, com os chefes de serviço ou escrivães das delegacias. Os delegados quase sempre alegaram não ter disponibilidade para atender à reportagem.

Nos casos mais complicados, foi necessário pedir ajuda do secretário adjunto da Segurança Pública, Manoel Acácio Júnior. Ele precisou acessar os sistema integrado da polícia para informar sobre o andamento de alguns inquéritos.

G1 registrou, no período de 21 a 27 de agosto, todas as mortes violentas ocorridas no Brasil. Agora, acompanha todos esses casos. O trabalho é resultado de uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Com uma série de iniciativas que envolvem reportagem e análise de dados, o projeto se chama Monitor da Violência.

Fonte: G1

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