As escolas não estão preparando os brasileiros para o futuro, dizem especialistas

 

A educação brasileira não está acompanhando as rápidas transformações do mercado de trabalho e quem perde é o brasileiro. Esta é a opinião da especialista em educação, a jornalista Sabine Righetti. Durante o IBM School, evento promovido pela IBM sobre o futuro do mercado de trabalho na noite desta terça-feira (26), a pesquisadora afirma que o Brasil está preparando os jovens para profissões que talvez nem existam mais em poucas décadas.

“A reflexão é: estamos preparando hoje os estudantes para o mercado de trabalho do futuro ou para o mercado de trabalho de hoje e de ontem?”, questionou. Para a especialista, no futuro, não vão existir mais o conceito de carreira, mas sim habilidades. “Eu não acredito que vão ter profissionais que farão apenas uma coisa específica. Temos habilidades e usaremos elas para realizarmos nosso trabalho.”

Para Bia Granja, cofundadora do YouPix e também palestrante do painel da IBM School, as mudanças hoje acontecem muito mais rápido do que nas últimas gerações. “Estudos mostram que cerca de 85% das profissões demandadas em 2030 ainda não existem. E até 2020, cerca de 50% profissões que conhecemos hoje serão extintas”, disse. “O problema é que os cursos e universidades não acompanham essas inovações. A regulamentação é antiga e muito rígida. Mas tem muitas escolas que estão inovando e também podemos fazer os cursos online de universidades como Harvard e Stanford, disponíveis gratuitamente.”

Na opinião dos palestrantes, a saída é promover o ensino criativo e tecnológico desde cedo. Righetti afirma que as crianças mostram o interesse por tecnologia, robótica e programação antes dos 13 anos. “Sendo que apenas 10% das escolas particulares e públicas dispõem de laboratórios de informática, como vamos incentivar esse conhecimento nestas crianças?”, indagou a especialista ao HuffPost Brasil.

Ela criticou a Base Nacional Comum Curricular, aprovada pelo MEC neste ano, por não prever programação em sua grade curricular. “A gente tem que incentivar a tecnologia já no ensino fundamental e acabamos de aprovar uma Base que não tem programação em sala de aula. Como esperamos ter criadores se não os ensinamos?”

Segundo ela, nas próximas décadas, os empregos mecânicos serão substituídos por robôs. O problema é que são exatamente estes em que a maioria dos brasileiros está empregada atualmente.

A saída, continua Righetti, seria investir na educação a longo prazo, assim como já fizeram as grandes potências mundiais, como Japão, Coreia do Sul, Finlândia e Alemanha fizeram décadas atrás. Nestes países, por exemplo, nota-se uma grande quantidade de robôs, porém, o desemprego é muito mais baixo que no Brasil — o que desmistifica a ideia de que um robô causaria o desemprego em massa.

“A educação está errada e a contratação também está errada”, acrescentou Luis Rasquilha, consultor em inovação, também presente no painel na IBM. Segundo ele, o mundo passa pela 4ª Revolução Industrial, na qual os robôs vão realizar as funções mecânicas e repetitivas e permitirão empregos mais analíticos, criativos e de gerência às pessoas.

Para Bia Granja, os profissionais do futuro precisam ter algumas habilidades específicas, como habilidade de comunicação e negociação, inglês fluente e aprender a programação. “O mundo vai ser essencialmente digital. A internet já virou luz elétrica, só percebemos ela quando cai. Precisamos sair da caixinha e usar a programação como forma de inovação.”

 

 

Inclusão

Na opinião dos palestrantes, o desafio dos millennials em diante é expandir o acesso digital para as comunidades. “Estamos falando de um país onde quase metade ainda não tem internet. Vamos nos desenvolver, mas como trazer todas essas pessoas junto? Esta é a geração que mais está falando sobre causas sociais, a inteligência artificial pode ajudar nesta inclusão”, disse Bia Granda, do YouPix.

“Para cada dois brasileiros que começam a escola, só uma termina o ensino médio. A gente perde 50% dos estudantes no Brasil. Então, falaremos do futuro do Brasil, mas não podemos esquecer destes 50%”, concluiu Sabine Righetti.

 

 

Fonte huffpostbrasil

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