Delvira Duarte, a parteira que se tornou a primeira vereadora de Palmeira dos Índios
A primeira vereadora do município de Palmeira dos Índios nasceu em 1º de Julho de 1921. Delvira Duarte de Oliveira foi casada com o comerciante e funcionário público Manoel Oliveira, o “Nezinho”. Juntos, tiveram sete filhos.
Seu pai, Marçal Oliveira, era músico, teatrólogo, mestre fogueteiro, autor de várias peças de teatro, secretário de Administração do prefeito Graciliano Ramos, coautor dos famosos relatórios do “Mestre Graça”. Seus 11 irmãos participavam das peças escritas e dirigidas por ele no teatro palmeirense.
Delvira desde cedo mostrava seu interesse para com os doentes e mulheres grávidas. Sua madrinha e vizinha chamada pelos amigos de Vitú, levou-a para ajudar em um parto na periferia da cidade, quando ela tinha pouco mais de 20 anos.
Não teve o consentimento do pai e também do noivo Nezinho, mas bateu o pé e iniciou sua atividade de parteira a partir do ano de 1949. O seu primeiro parto sozinha foi de sua prima, Amparo Passos, que deu à luz ao seu primeiro filho Ricardo Jorge Passos.
Trabalhou incansavelmente por anos e anos tornando-se a parteira mais requisitada da região. Atendia não apenas em Palmeira, mas também em Belém, Maribondo, Quebrangulo, Cacimbinhas, Tanque d’Arca, Bom Conselho (PE) e em outros municípios e povoados. Subiu e desceu muitas serras de carro, a cavalo e até a pé, enfrentando todas as intempéries da natureza.
Era parteira dos ricos e muito mais dos pobres. Estes não pagavam nada. Ela dizia que “os ricos pagam pelos pobres”. Seus aniversários reuniam centenas de pessoas e, muitas vezes, a data foi comemorada a céu aberto por não ter local com capacidade para acomodar tanta gente.
Foi a primeira mulher ao assumir a Câmara Municipal de Palmeira durante a gestão do prefeito José Araújo.
Fato marcante
Delvira fazia muitos partos nas casas das parturientes, como era costume na época. Mas também atendia na Maternidade Santa Olímpia (Hospital Santa Rita). Certa época chegou à cidade um novo médico obstetra que assumiu a direção da maternidade.
Tão logo assumiu determinou que “apenas médicos poderiam fazer partos na citada maternidade”, portanto Delvira estaria impedida de praticar seu ofício naquela unidade. A ela não fez falta considerável, pois eram poucas as crianças que nasciam ali.
Certo dia surgiu, para azar do “doutor diretor”, uma mulher com um parto bastante difícil, pois o bebê estava “atravessado”. Depois de muito trabalho em vão, o obstetra pediu ajuda ao experiente médico e deputado Remy Maia. Em pouco tempo estavam os dois e seus auxiliares e nada da criança nascer.
Foi então que Remy Maia, compadre e amigo de Delvira, pediu a uma enfermeira: “Chama a comadre Delvira”. O hospital mandou um carro apanhar a parteira em sua casa imediatamente. Já no Centro Cirúrgico, assumiu o controle e em poucos minutos a criança veio ao mundo por suas mãos tidas como abençoadas. Por decisão sua, mesmo sendo “liberada”, nunca mais voltou à maternidade.
Foi então que Remy Maia, compadre e amigo de Delvira, pediu a uma enfermeira: “Chama a comadre Delvira”. O hospital mandou um carro apanhar a parteira em sua casa imediatamente. Já no Centro Cirúrgico, assumiu o controle e em poucos minutos a criança veio ao mundo por suas mãos tidas como abençoadas. Por decisão sua, mesmo sendo “liberada”, nunca mais voltou à maternidade.