Esquema na prefeitura de Marechal envolvia cerca de 14 pessoas, diz PF
Cerca de 14 pessoas estão envolvidas, segundo a Polícia Federal (PF), na organização criminosa suspeita de desviar R$ 6 milhões dos cofres de Marechal Deodoro. O grupo seria chefiado pelo ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus, que teria cometido os desvios entre os anos de 2011 e 2014.
Dos 17 mandados de busca e apreensão, nove foram cumpridos, inclusive em um apartamento do ex-gestor na Ponta Verde. Também foram cumpridos sequestros de bens, com o recolhimento de quatro veículos de luxo, com valores acima de R$ 60 mil, uma moto, 11 mil euros e uma arma de fogo. Documentos, computadores e mídias digitais foram apreendidas.
Cerca de 100 agentes participaram da ação e estiveram também em três postos de combustíveis, um em Marechal Deodoro e os outros dois em cidades do Maranhão. Os estabelecimentos, assim como os objetos de valor, estariam em nomes de terceiros, mas seriam de propriedade de Cristiano Matheus.
“Foi apurado que há um posto em Marechal que de fato é de propriedade do líder, mas onde constam como sócios duas outras pessoas que a princípio não têm a ver com o empreendimento. Nos dois postos no Maranhão foram apreendidos documentos que os vinculam ao líder e há forte evidencia de que são produto do desvio de recursos”, disse o superintendente da PF em Alagoas, Bernardo de Torres.
Segundo ele, foram apreendidos, nesses locais, comprovantes de depósitos feitos na conta do ex-prefeito. As pessoas ligadas ao esquema no estado, como também em Pernambuco, seriam todas de Alagoas e ligadas ao ex-gestor. Algumas delas, inclusive, seriam parentes dele.
A operação é decorrente da ação do Ministério Público Federal que pediu o afastamento de Cristiano. A investigação se iniciou após um levantamento realizado pela Controladoria Geral da União dos de 2011 a 2014. Os desvios aconteciam nos Programas Nacionais de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) e de Alimentação Escolar (PNAE).
“O objetivo foi aprofundar as investigações contra o ex-prefeito de Marechal Deodoro, que na gestão anterior desviou aproximadamente R$ 5,8 milhões de programas federais da Educação. A estratégia utilizada era a fraude e o direcionamento de licitações para empresas que interessavam ao grupo criminoso”, acrescenta Bernardo.
De acordo com a Polícia Federal, uma rede de laranjas era utilizada para a ocultação do patrimônio obtido depois das atividades criminosas. O grupo também se utilizava da estratégia para lavar dinheiro. Além dos postos de combustíveis, veículos e imóveis, como a cobertura visitada pelos agentes, estavam no nome de terceiros.
Ex-secretários e outras pessoas ligadas à administração municipal também foram alvos da operação, que contou com 25 equipes nas ruas. Os envolvidos vão responder pelos crimes de desvio de recursos públicos, fraude em licitações e dispensa ilegal de licitação e organização criminosa.
Os mandados foram cumpridos em Maceió, Marechal, Pão de Açúcar e Santana do Ipanema, em Alagoas, e em duas cidades do Maranhão e uma em Pernambuco. Mandados de condução coercitiva também foram requisitados pela PF, mas a Justiça não os concedeu.
“Ainda temos equipes finalizando trabalhos, mas até o momento um vasto conteúdo de documentos foi apreendido”, explicou o superintendente de Pernambuco, Márcio Tenório. “Simultaneamente, também aconteceram diligências complementares em estabelecimentos comerciais em Maceió”.
Fonte: Gazeta Web