MS anuncia adoção de uso preventivo de pílula anti-HIV para pessoas em risco
O Ministério da Saúde anunciou, nesta quarta-feira (24), que adotará a profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV para grupos em risco. A estratégia envolve o uso diário do medicamento Truvada (combinação dos antirretrovirais tenofovir e emtricitabina) por pessoas que não têm o vírus. O objetivo é proteger grupos que estão mais expostos ao risco de infecção, como profissionais do sexo, casais sorodiscordantes (quando um tem o vírus e o outro não), pessoas trans e homens que fazem sexo com homens.
Segundo o ministro Ricardo Barros, a pasta já investiu U$ 1,9 milhão na compra de 2,5 milhões de comprimidos de Truvada, o que deve ser suficiente para atender à demanda durante um ano. Barros destacou que o Brasil será um dos primeiros países a adotar essa estratégia preventiva.
A distribuição do medicamento para esses grupos está prevista para começar 6 meses após a publicação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas, o que está previsto para ocorrer na segunda-feira (29), segundo o ministério.
O governo estima que a estratégia será usada por 7 mil pessoas que fazem parte das populações-chave. Para receber o medicamento, o paciente passará por uma avaliação para verificar o quão exposto ele está ao vírus HIV.
Especialistas alertam que esse tipo de estratégia deve ser aliada a outras medidas preventivas. Quem optar por adotá-la, por exemplo, deve ser aconselhado a continuar usando a camisinha, a fazer testes de HIV periodicamente e a tratar outras DSTs, que costumam deixar o paciente ainda mais vulnerável à infecção por HIV.
Eficácia da estratégia
Desde 2014, a profilaxia pré-exposição é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para pessoas em risco considerável de se infectarem com HIV e sua eficácia foi comprovada por quatro estudos clínicos. Um deles, o estudo internacional iPrEx (Iniciativa de Profilaxia Pré-exposição), do qual o Brasil também participou, concluiu que o uso diário de antirretroviral por homens saudáveis que fazem sexo com homens conseguiu prevenir novas infecções com eficácia que variou de 43% a 92%, dependendo da adesão ao medicamento.
A adoção da estratégia já vinha sendo estudada pelo Brasil por meio de cinco estudos financiados pelo Ministério da Saúde realizados por instituições como a Faculdade de Medicina da USP e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
G1